Cidades

Polícia ameaça parar de vez

Agentes podem cruzar os braços por tempo indeterminado a partir do próximo dia 18. Já os policiais militares cogitam operação-padrão para forçar reajuste de 33%. O ministro do Planejamento voltou a descartar aumento para as categorias

postado em 12/06/2010 08:03
A próxima semana deve ser difícil para o brasiliense. Além da falta de ônibus, a segurança pública do Distrito Federal pode ficar comprometida no próximo dia 18. Os policiais civis estabeleceram a data como limite para que o governo federal volte atrás na decisão de vetar reajustes ao funcionalismo este ano, frustrando, assim, o plano dos agentes, que reivindicam aumento de 33% nos salários. Se não houver acordo, o efetivo de 7 mil pessoas promete cruzar os braços por prazo indeterminado. Os policiais militares, que exigem o mesmo benefício, também estudam uma forma de mostrar sua insatisfação. Como a Constituição Federal proíbe que os membros da corporação entrem em greve, a ideia é fazer uma ;operação tartaruga;.

O coordenador do Fórum das Associações dos Policiais Militares e Corpo de Bombeiros do DF, coronel Mauro Manoel Brambilla, disse que os militares estão alinhados com o movimento encabeçado pela Polícia Civil ; cuja paralisação de 48 horas termina hoje ; e a insatisfação dentro dos quartéis é grande. ;Nossa intenção não é fazer nenhum movimento que prejudique a sociedade, mas o governo tem que ser sensível com a gente. Já discutimos em algumas ocasiões adotar esse tipo de operação, mas gostaríamos muito de evitar que isso ocorresse;, disse Brambilla.

Ontem, os policiais civis voltaram a protestar em frente ao Ministério do Planejamento. Diferentemente de quinta, dessa vez os motoristas não foram tão prejudicados. Eles interromperam o fluxo apenas uma vez, por poucos minutos. O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol/DF), Wellington Luiz de Souza, tentou mais uma vez falar com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, mas não obteve sucesso. O ministro é alvo da revolta dos policiais por ter anunciado que nenhuma categoria de servidores receberá aumento em 2010. Para Wellington Souza, a decisão interfere na autonomia do DF. ;Essa estratégia vai custar caro. Se ele não respeitar os servidores da segurança pública, vamos radicalizar e deflagrar uma greve sem previsão de término;, ameaçou.

Outro lado
O ministro criticou a paralisação dos agentes. ;Polícia é um serviço essencial. Quem usa arma deveria ser proibido pela Constituição de fazer greve. Não temos condições neste ano de dar aumento pelas condições financeiras. Simplesmente não dá;, afirmou Paulo Bernardo ao Correio. Ele comentou, ainda, que um reajuste para a Polícia Civil provocaria mal-estar com a Polícia Federal. ;Não tem cabimento achar que vamos pagar para eles mais do que pagamos para a PF. Aí é chamar a PF para a briga. Eles têm isonomia, mas não podem passar na frente;, explicou o ministro.

A notícia de uma provável greve da Polícia Civil e uma operação-padrão da PM deixou a população preocupada. O motorista de ônibus Wagner dos Reis, 62 anos, teme que a cidade fique refém dos bandidos, mas concorda com as reivindicações das categorias. ;Acho justo o governo pagar bem para a polícia, pois ela não se corrompe, igual acontece no Rio de Janeiro. Lógico que, como cidadão, fico torcendo para que isso (greve) não ocorra, pois a bandidagem vai deitar e rolar;, preocupa-se Wagner.

Já o estudante Rodrigo Bicalho, 24, não concorda com a greve. ;Isso que eles estão fazendo é um absurdo com o povo;, protestou o jovem. Nas delegacias, o movimento foi fraco ontem. Somente ocorrências graves foram registradas. A área de segurança do DF é custeada pela União.

Colaborou Luciano Pires

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