Cidades

Na guerra de postos, ganha o consumidor

Revendedores em franca batalha para conquistar clientes tornam o preço do litro do álcool, com uma redução de R$ 0,44, mais competitivo do que o da gasolina, que caiu R$ 0,40

postado em 15/06/2010 08:03

Os postos de combustíveis do Distrito Federal deram início no último fim de semana a mais uma guerra de preços, o que favorece o consumidor. Ontem, em alguns pontos do Plano Piloto, era pos-sível encontrar o litro da gasolina sendo vendido a R$ 2,29, R$ 0,40 a menos do que o cobrado há duas semanas. O litro do álcool chegava a R$ 1,45, uma redução de R$ 0,44. Se os novos valores persistirem, abastecer com etanol voltará a ser mais vantajoso (1) para o motorista.

Descrente, José Maria acha que a promoção não dura duas semanasAs distribuidoras não mexeram nos preços repassados aos postos, segundo informou o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sinpetro-DF). Empresários do setor disseram que os novos valores tratam-se de promoções relâmpago para atrair clientes e enfrentar a forte concorrência. Como estratégia para manter os postos movimentados, ninguém quis falar sobre até quando os preços continuarão mais em conta.

Os primeiros postos a alterarem a tabela o fizeram na sexta-feira passada. Depois disso, em um clássico efeito dominó, concorrentes também decidiram abaixar os valores nas bombas. Em todo o DF, existem cerca de 300 postos, sendo que 91 deles pertencem à Gasol, a maior rede do mercado. É ela quem geralmente puxa a queda ou o aumento dos preços. Desta vez, porém, segundo proprietários ouvidos pelo Correio, foram redes menores que resolveram provocar os concorrentes.

No início da tarde de ontem, em um posto da Gasol na 203 Norte, carros faziam fila (2) para pagar R$ 2,29 pelo litro da gasolina. O gerente do estabelecimento, Márcio Coelho, não dava garantia de que a promoção continuaria hoje. Segundo ele, o posto vende, em média, 4 mil litros por dia. Com o preço mais abaixo desde sexta-feira, o volume comercializado subiu para 20 mil litros, cinco vezes mais. ;Esse fim de semana foi uma loucura. O movimento foi intenso;, comentou.

Os valores mais baixos no início da semana surpreenderam os motoristas do DF, acostumados a não encontrar variação de preço entre os postos. ;É tão difícil ver gasolina mais barata em Brasília que mandei encher o tanque;, disse o microempresário José Maria Ferreira, 44 anos, que compromete cerca de R$ 500 do orçamento mensal com combustível. ;Quero só ver até quando eles vão manter o preço assim. Acho que não dura nem duas semanas;, completou.

Ferreira pagou R$ 2,36 pelo litro do combustível em um posto no Setor Hoteleiro Norte. O proprietário do estabelecimento Joel Medeiros contou que as promoções geralmente dão prejuízo, mas que não dá para deixar de acompanhar a concorrência. ;A gente não pode ficar fora do mercado. Se não colocar o mesmo preço dos grandes, simplesmente não vende nada;, comentou ele, dono de apenas um posto. Para Medeiros, a tendência é que os preços voltem ao normal até o fim da semana.

1 - Cálculo
Como tem um rendimento menor, o álcool tem que custar, no máximo, 70% do valor da gasolina para ser vantajoso. Multiplique, portanto, o preço do litro da gasolina por 0,7. Sempre que o resultado for superior ao preço do álcool, opte pelo segundo.

2 - Promoção
No fim do mês passado, motoristas fizeram 5 quilômetros de fila no Eixinho Norte para abastecer no posto Jarjour da 206 Norte. Inicialmente seriam vendidos 20 mil litros de gasolina a R$ 1,59. Ao fim do dia, foram consumidos mais de 40 mil litros. Muitos clientes não conseguiram aproveitar a promoção.


MUDANÇA NA LEI AINDA EM ESTUDO
O governador Rogério Rosso aguarda estudos da Procuradoria do DF para decidir se apresenta ou não um projeto de lei que pode revogar a proibição de postos em estacionamentos de supermercados. Somente em Brasília, existe uma legislação com esse teor. A Procuradoria-Geral da República e a Secretaria de Direito Econômico (SDE), ligada ao Ministério da Justiça, são contrárias à lei distrital, aprovada para atender interesses dos empresários do setor, segundo consta em relatório da CPI dos Combustíveis ocorrida em 2003 na Câmara Legislativa.


Eu acho...

;Preço de combustível em Brasília é um absurdo. Tudo bem que o preço abaixou, mas mesmo assim continua muito alto. Gasto cerca de R$ 500 todo mês para poder andar de carro. E apesar de ter um veículo flex, não abasteço com álcool porque não vale a pena;.

Patrícia Vitória, 36 anos, gerente comercial

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