Cidades

Copa empolga e comércio bate um bolão

As vendas dispararam e os estoques não acompanharam a demanda dos brasilienses entusiasmados com a Seleção Canarinho. A estimativa é a de que os negócios superaram em 15% os do torneio de 2006

postado em 15/06/2010 08:06
Está lançado um desafio para os torcedores de Brasília: tente encontrar uma camisa oficial da Seleção Brasileira em alguma loja da cidade. Sem querer desanimar ninguém em pleno dia de estreia da seleção de Dunga na Copa do Mundo da África do Sul, é bom avisar que, nas duas últimas semanas, pouquíssimas pessoas conseguiram essa façanha. Vendedores, com um sorriso no rosto, estão cansados de repetir aos clientes que brotam de todos os lados e a todo instante: ;Infelizmente, acabou o estoque;.

Leandro Bahia também não conseguiu a camisa azul da Seleção, mas afirmou que continuaria procurandoTem gente que sai furiosa com a negativa. Mas não desiste. Com espírito patriótico ; aquele que costuma se exacerbar de quatro em quatro anos ;, os esperançosos saem em peregrinação pelos shopping centers e pelo comércio de rua. Insistem, perguntam se não há nada em outras lojas do mesmo grupo, se não sobrou uma única peça sequer em alguma caixa perdida pelo estoque, se o tamanho da camisa estampada na vitrine não é justamente o que ele procura. Por último, diante de tantos ;não;, o cliente questiona: ;E o comércio não se preparou para a Copa?;.

Os porta-vozes do setor no Distrito Federal garantem que sim. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Fecomércio mostrou no mês passado que 88% dos lojistas investiram em estoque especial para o período. As prateleiras começaram o mês caprichadas de produtos verde e amarelos. O que aconteceu? Simples, segundo o presidente da Fecomércio, Miguel Setembrino: ;O povo comprou mais do que a gente esperava;. Até as tais vuvuzelas, frisson desta Copa, estão esgotadas no mercado formal, para alegria de quem não suporta o barulho estridente delas.

Para torcer enfeitado com adereços brazucas, o brasiliense está disposto a gastar. As camisas oficiais da seleção, por exemplo, não custam menos do que R$ 100. Em algumas lojas, a versão masculina chega a R$ 239. ;Estamos perdendo muito dinheiro com a falta de produtos disponíveis;, sabe muito bem o gestor de uma loja de esportes do Brasília Shopping, Felipe Henrique dos Anjos. Por lá, o estoque está sendo renovado a cada três dias. Mas bastam as caixas serem abertas para os clientes sumirem com tudo. ;O que chega não consegue atender a demanda;, diz Anjos.

Denize Gurgel, depois de ir a cinco lojas, se conformou: Os comerciantes pedem calma. Dizem que não há motivo para desespero nem para apelar ao comércio informal, que aproveita para ocupar um vácuo inesperado. Segundo a Fecomércio, todas as lojas(1) estão correndo para repor estoques ainda durante a primeira fase do mundial. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista-DF), Antônio Augusto de Moraes, reconhece: ;Acho que subestimamos um pouco a compra desses produtos;. Estima-se que as vendas tenham superado em 15% o desempenho do comércio na Copa passada.

Há um clima de euforia fora do comum por parte dos torcedores. A mulherada e as crianças são as mais prejudicadas com a ausência de produtos nas prateleiras. Para elas, não há mais nada. Em uma loja, a vendedora Liliane Santos, avisava para quem chegasse: ;Acabou tudo. A única camisa que temos é aquela da vitrine, e é masculina;. No fim da manhã, Denize Gurgel, uma torcedora de 25 anos, se contentou. ;Vou ter que torcer com a camisa da Copa passada, é o jeito;, comentou, depois de visitar pelo menos cinco lojas e não achar peça alguma feminina.

O servidor público Leandro Bahia, 28 anos, sentiu logo na primeira loja em que entrou a dificuldade que teria para encontrar a camisa azul da Seleção. ;Sabia que não seria fácil, deixei pra última hora;, lamentou. ;Mas vou continuar procurando;, completou. Mesmo que o Brasil não leve o hexa ; e, claro, não é isso que desejamos ;, a Copa do Mundo teve o poder de voltar a movimentar o comércio da capital do país, depois de meses bem parado.

1 - Varejo em festa
Outros setores, além de vestuário, enfrentam picos de venda com a Copa do Mundo. Nas papelarias, por exemplo, cresceu e muito a procura por papel nas cores verde e amarela, para fazer bandeirinhas. Em lojas de eletrodomésticos, alguns modelos de televisão se esgotaram antes mesmo de a Copa começar. A venda de fogos de artifício também surpreende os empresários do segmento, que esperam vender 20% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

O número
88 %
Percentual de lojistas que reforçaram os estoques com produtos especiais para o mundial na África do Sul, segundo pesquisa da Fecomércio


O que abre e o que fecha hoje

Hospitais e centros de saúde funcionam das 8h às 12h. Depois, somente as emergências nos hospitais

Delegacias
Funcionam das 8h às 12h.
Depois, somente em esquema de plantão

Bombeiros
Os serviços emergenciais do Corpo de Bombeiros funcionam normalmente pelo número 193

Detran
Funciona até as 12h. Na sexta, cumprindo decreto do governo, não haverá expediente

Jardim Zoológico
Estará aberto das 9h às 14h

Jardim Botânico
Ficará aberto das 8h às 12h

Bancos
Funcionarão das 8h às 14h

CEB
Funcionará das 8h às 14h.
Depois, em esquema de plantão pelo telefone 0800-610196

Procon-DF
Funciona das 8h às 12h

Metrô
Funcionamento normal: das 6h às 23h

Comércio de rua e shoppings
Cada loja definirá horário próprio. Mas a maioria fechará às 15h e reabrirá 30 minutos após o fim do jogo

Feira dos Importados
Funciona normalmente das 7h às 19h

Bares, restaurantes e lanchonetes
Abrem em horário normal

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