Cidades

Parentes dos Villela contestam polícia

Guilherme Goulart
postado em 06/07/2010 07:00
Os familiares do casal Villela, assassinado a facadas no passado, contestam a versão da polícia de que estariam atrapalhando as investigações. Em carta enviada ao Correio Braziliense, o advogado Rodrigo Otávio Barbosa de Alencastro, representante da família, refutou algumas informações publicadas pelo jornal na edição de 1; de julho. Entre elas, a de que uma lâmina encontrada no apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul tenha sido colocada de propósito no local do crime ; além de José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Villela, 69, perdeu a vida a governanta Francisca Nascimento da Silva, 58.

O advogado explica, em um dos trechos do texto, a devolução do imóvel à responsabilidade dos parentes dos Villela após nove meses de apuração policial (leia a carta na íntegra). O pedaço de lâmina, ;mais especificamente uma parte de uma faca comum;, teria sido achado em um dos cômodos da residência. ;Com o intuito de colaborar com a elucidação do caso, como exaustivamente têm feito, entraram em contato com a Corvida, por intermédio de seu advogado e, de forma absolutamente transparente noticiaram o fato às autoridades responsáveis;, escreveu Alencastro.

O Correio apurou, por conta da reportagem citada, que os investigadores da Coordenação de Investigações de Crime Contra a Vida (Corvida) recolheram o objeto cortante e fizeram uma avaliação nele e no local onde os familiares o localizaram. Chamou a atenção o resultado de exames preliminares, que não descobriram sinais dos produtos químicos espalhados pelos peritos durante as buscas por vestígios de materiais biológicos dos assassinos. Os produtos usados pela polícia, porém, apareciam apenas ao redor da lâmina. Os testes também não revelaram traços de sangue.

Apesar de os delegados responsáveis pelo inquérito Luiz Julião Ribeiro e Mabel Faria não falarem sobre o assunto, o objeto acabou descartado como possível arma usada no triplo homicídio ocorrido em 28 de agosto de 2009, na 113 Sul. Isso porque nem mesmo as características do corte coincidem com os ferimentos a faca provocados nos corpos das três vítimas ; relatório do Instituto de Medicina Legal (IML) apontou que o casal de advogados e a empregada receberam, ao todo, 73 golpes. Os peritos também concluíram que pelo menos dois assassinos participaram do crime.

Chave
Alencastro também reclamou, na carta em nome dos parentes dos Villela, que a localização da lâmina por parte dos familiares dos Villela tenha sido citada na reportagem ao lado de uma falha da Polícia Civil, na primeira etapa da investigação. Em 29 de abril, o Correio divulgou com exclusividade que um exame do IC desqualificou a única prova obtida pela polícia no trimestre inicial da apuração. Peritos identificaram que a chave encontrada na casa de dois suspeitos presos era o mesma recolhida meses antes no local do crime por agentes da 1; DP. A corporação apura se houve falha grosseira ou má-fé por parte dos policiais envolvidos na apreensão.

Para o advogado, ;a Família Villela não poderia ignorar um objeto encontrado no apartamento, por certo útil à investigação. Diante disso, buscou-se informar o fato às autoridades competentes, de forma adequada;, explicou. Alencastro concluiu o texto ao afirmar que a polícia não tem elementos capazes de provar qualquer participação dos familiares dos Villela no crime. A suspeita sobre a família, porém, aparece como um das principais linhas de investigação abertas pela Corvida.

Na semana passada, no dia anterior à publicação sobre os 10 meses do caso, a reportagem tentou ouvir representantes dos parentes do casal de advogados assassinado. Até então, o contato com a imprensa era feito por meio do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Gordilho, amigo e assessor jurídico dos Villela. Agora, Alencastro se apresentou como advogado da família. Disse que os filhos ainda não se sentem à vontade para conversar diretamente com a reportagem.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação