Cidades

OAB analisará investigação do caso Vilela

No próximo dia 2, conselheiros da Ordem no DF discutirão dois assuntos ligados ao triplo homicídio: a denúncia de tortura feita por suspeitos presos em 2009 e as queixas dos advogados de Adriana, que acusam a polícia de falhas. Entidade pode pedir providências ao governo local

Adriana Bernardes
postado em 21/08/2010 07:35

Toledo: A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional DF (OAB-DF), vai votar em 2 de setembro se pedirá ao governo local que solicite apoio à Polícia Federal a entrar nas investigações do crime que tirou a vida do casal Villela e da empregada da família, em 28 de agosto de 2009. O assunto já teria sido tratado com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e com o advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams.

Também serão analisadas na reunião do Conselho do Pleno as denúncias de Cláudio José de Azevedo Brandão e Alex Peterson Soares de que teriam sido torturados por agentes da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) para confessarem a participação no triplo homicídio. Entrará ainda na pauta de discussões o pedido de intervenção feito pelo advogado de defesa de Adriana Villela contido no Memorial dos filhos de José Guilherme Villela e Maria Carvalho Mendes Villela. No documento entregue à Ordem em junho, eles reclamam de falhas do trabalho de apuração (leia quadro).

O presidente da OAB-DF, Francisco Caputo, tem a íntegra do Inquérito n; 113/3009. Com base nele, no memorial e nas queixas de tortura feitas por Alex e Cláudio, o conselho da entidade ; formado por 50 advogados ; definirá quais providências deverá tomar. ;O conjunto das informações vai nos permitir verificar se a polícia está no caminho certo e se houve tortura. Uma denúncia como essa, em qualquer unidade da Federação, seria escandalosa. Na capital da República, na principal delegacia, é um escárnio. Se tiver elementos de veracidade, vamos acionar os mecanismos para que seja apurada e que os responsáveis sejam punidos;, declarou.

Em relação às denúncias do advogado Rodrigo Otávio Barbosa de Alencastro, no memorial dos filhos dos Villela, o conselheiro Eduardo Toledo, indicado pela OAB-DF para acompanhar o caso, disse que todos os pontos levantados serão avaliados pelos conselheiros. ;Se eles (conselheiros) decidirem que há razão no pleito da defesa, as medidas serão tomadas. A OAB-DF é parte legítima no processo porque as vítimas eram advogadas;, disse.

Solução próxima
Toledo preferiu não entrar em detalhes sobre quais medidas serão, pois isso dependerá da conclusão do conselho. De forma geral, a ordem pode intervir com solicitações a juízes, promotores e à própria autoridade policial, para garantir o restabelecimento da legalidade do processo, caso seja constatada alguma ação ilegal.

Após a prisão de Adriana Villela, na última segunda-feira, a defesa partiu para o ataque. Acusa a polícia de ter torturado psicologicamente a filha do casal Villela. Afirma ainda que, em vez de buscar elementos de prova para chegar a um suspeito, a polícia elegeu Adriana como autora dos fatos e, agora, tenta, a qualquer custo, produzir provas para indiciá-la. No mesmo documento, os advogados citam depoimentos contraditórios de testemunhas e que não teriam sido considerados pela polícia.

Quem também acompanha o desenrolar das investigações é o Instituto dos Advogados do DF, por meio do advogado Raul Livino. Após reunião, ontem, com a delegada da Corvida Mabel Faria, ele saiu satisfeito: ;Ela não pôde passar detalhes da investigação, mas assegurou que está prestes a concluir a linha de investigação e a elucidação do crime se apresentará em breve;. Livino destacou que o fim do inquérito representa apenas a primeira etapa. Depois, haverá a instrução do processo pelo juiz. Nessa fase, todas as testemunhas e os indiciados pelo crime serão ouvidos novamente. A defesa apresentará a prova, o Ministério Público se manifestará e o juiz decidirá se o caso vai a julgamento ou se deverá ser arquivado.


As reclamações
Sede da OAB-DF: cinquenta advogados fazem parte do Conselho do PlenoEm documento encaminhado à OAB-DF, os advogados de
Adriana Villela denunciam que:

; A polícia, primeiro, teria eleito Adriana como suspeita do crime para, depois, procurar provas que corroborem essa tese;

; Investigadores da Coordenação de Investigações de Crimes Contra a Vida (Corvida) teriam submetido a filha dos Villela a ;tortura psicológica;;

; Os policiais baseariam as suspeitas contra Adriana em desentendimentos eventuais e isolados dela com a mãe;

; Adriana estaria no meio de uma acirrada disputa entre a Corvida e a 1; Delegacia (Asa Sul);

; A cliente, mesmo tendo sempre se disposto a colaborar com os agentes policiais, estaria sendo alvo de vigilância, quando ;os verdadeiros criminosos; seguiriam à solta.

"O conjunto das informações vai nos permitir verificar se a polícia está no caminho certo e se houve tortura;
Francisco Caputo, presidente da OAB-DF

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