Cidades

Estão sobrando 26 mil vagas de emprego no Distrito Federal

Falta de profissionais qualificados explica o fenômeno que ocorre na capital federal. A maior demanda é por mão de obra para os setores da construção civil e de tecnologia

postado em 05/10/2010 07:57
Estão sobrando 26 mil vagas de emprego no Distrito Federal. A informação é do Conselho do Trabalho do DF (CTDF), instância vinculada à Secretaria de Trabalho. Os dados foram obtidos mediante levantamento feito em 2009 com cerca de 500 empresas de Brasília e região feito, e ainda, utilização de dados do Cadastro Geral de Empregados (Caged) e do Desempregados e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com avaliação do CTDF, a falta de mão de obra qualificada é o motivo de existirem tantas vagas ociosas no mercado local, concentradas principalmente nos segmentos construção civil e tecnologia (veja quadro).

O presidente do CTDF, Sebastião Téo, explica que a pesquisa sobre o número de postos de trabalho ociosos no DF foi feita para servir de subsídio ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Com base nos dados locais, a pasta liberou recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a realização de cursos de qualificação nas áreas com maior carência. As aulas beneficiarão cerca de 18 mil pessoas e serão oferecidas por 14 entidades. A seleção dos ministradores das capacitações foi feita por meio de licitação.

Os cursos são gratuitos, e as turmas serão formadas por ordem de chegada, segundo a disponibilidade de vagas. A maioria deles não começou ainda. Estão abertas somente as inscrições para capacitação em motofrete, que será oferecida pela Federação dos Mototaxistas e Motoboys do Brasil (Fenamoto) e terá 2 mil vagas. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 3447-4592 ou 3349-4861, do Sistema Nacional de Emprego (Sine) do MTE.

Sebastião Téo admite que as capacitações que estão sendo organizadas para este ano não suprem a demanda das empresas por profissionais qualificados. ;A gente precisa aumentar a oferta de vagas, principalmente por causa da Copa de 2014. Por isso, o CTDF está em articulação para pleitear mais apoio do ministério. Há muito recurso do FAT contingenciado;, afirma ele, destacando que o Conselho do Trabalho é formado por empregados, por entidades representativas dos patrões, como a Federação do Comércio (Fecomércio) e a Federação das Indústrias do DF (Fibra), e por representantes do governo local.

Inexperiência
Apesar da importância dos cursos de qualificação, a realidade das ruas mostra que eles não bastam para garantir uma vaga no disputado mercado de trabalho dos dias atuais. Que o diga o estudante de administração de empresas Manoel Messias Calado de Assis, 24 anos. Capacitado em telemarketing e marketing pessoal, ele foi ontem à Agência do Trabalhador, no Setor Comercial Sul, em busca de um emprego melhor do que o que acabou de deixar, de mensageiro de um escritório. Não encontrou nada que o interessasse. O jovem conta com o salário para pagar a faculdade. ;Eu me qualifico, mas as empresas exigem experiência comprovada em carteira naquela área. Não há como ter experiência se ninguém dá uma oportunidade;, reclama.

O presidente do CTDF, Sebastião Téo, diz que de fato há uma resistência das empresas em contratar jovens inexperientes. Segundo ele, no entanto, a questão está sendo resolvida com diálogo para uma mudança de cultura, e por meio de iniciativas como o programa Primeiro Emprego, do governo federal. Para Carmen Cavalcanti, sócia-diretora da empresa de recursos humanos Rhaiz, o problema da mão de obra não qualificada é grave no DF. ;Muitas vezes, temos que trazer gente de Minas Gerais, Goiás e até do Norte e do Nordeste para nossos clientes. Brasília não dispõe de um sistema de educação para técnicos;, diz. Quanto à exigência de experiência por parte das empresas, ela afirma que cada vez mais grandes contratantes buscam novatos no mercado para ministrar treinamento. ;Acho que falta comunicação e uma atitude mais proativa dos jovens que buscam emprego.;

As ofertas

; 7,5 mil na construção civil, para pedreiro, azulejista, gesseiro, pintor e encanador

; 6 mil em tecnologia, nas áreas de técnico de software, operador de banco de dados e de telemarketing

; 3mil no turismo, para operador de viagem, organizador de eventos, recepcionista, garçom, camareiro, copeiro, mensageiro, arrumador

; 4,5 mil em beleza e estética, para pedicure calista, esteticista corporal, cabelereiro especializado em processos químicos e coloração, entre outras

; 2 mil para motofrete

; 1,2 mil para cuidador de criança e idosos

; 1 mil em agroextrativismo, para coleta e manejo adequado de produtos do cerrado

; 900 em comércio de shopping centers

*Fonte: CTDF

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