Cidades

HUB terá capacidade para realizar transplantes de medula óssea

Espaço a ser inaugurado no hospital realizará procedimento pelo qual há hoje mil pacientes na fila de espera. Previsão é de que a unidade esteja funcionando em março de 2011

postado em 14/12/2010 08:00
A unidade especial de transplantes de medula ficará no Hospital Universitário, que ganhará cinco leitos especificamente para esses procedimentosBrasília vai ganhar um centro de transplante de medula óssea em 2011. O espaço será instalado no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e terá capacidade para atender até três pacientes por mês. A expectativa é que o centro, que contará com cinco leitos, comece a funcionar já no início de março. De acordo com a assessoria da UnB, esse será o primeiro e único espaço especializado do tipo no Distrito Federal. Atualmente, mil pacientes amargam a espera pelo transplante na unidade da Federação. A maioria, no entanto, não precisa apenas de estrutura física para realização do procedimento, mas também de um doador compatível.

De acordo com o diretor do Centro de Transplantes do HUB, Rômulo Maroccolo, a complexidade do procedimento impossibilita que sejam realizadas cirurgias em maior número. ;Os pacientes de transplante ficam internados por até três semanas e as reinternações são comuns;, explica o médico. A dificuldade em encontrar material geneticamente compatível para o transplante também é apontada como um empecilho para se aumentar o número de atendimentos. Em média, a cada ano, 2 mil pessoas que precisam da cirurgia não conseguem localizar um doador compatível. Cerca de 70% não encontram a tão esperada doação entre os familiares. ;A capacidade para atender esse número de pessoas no novo centro não significa que faremos 24 transplantes no fim de um ano;, atenta Maroccolo, referindo-se à dependência que o número de procedimentos tem com relação à quantidade de medulas compatíveis disponíveis.

Em recente palestra no HUB, foi debatido o estímulo a doações de órgãosDurante os dois primeiros anos de funcionamento do Centro de Transplantes do HUB, serão realizados apenas procedimentos chamados de autólogos ; em que a amostra da medula é retirada da própria pessoa que precisa do transplante para que seja tratada e reinserida no paciente. O tempo em que as operações ficarão restritas é determinado pelo Ministério da Saúde. Desde 1977, o HUB realiza transplantes de órgãos. Durante um tempo, os procedimentos foram transferidos para o Hospital de Base, mas, em 2006, o atendimento foi retomado. Desde então, foram realizados 52 transplantes de rins e 90 de córnea. Este ano, o número de cirurgias surpreendeu: foram ao todo 22 transplantes renais, o dobro do registrado no ano passado.

A unidade especial de transplantes de medula do HUB faz parte de um investimento do Ministério da Saúde de R$ 16 milhões para ampliação de centros em todo o país. Atualmente, o Brasil conta com 61 centros autorizados para a realização desse tipo de cirurgia, sendo apenas 19 para a realização de transplantes entre pessoas que não são de uma mesma família. O registro nacional de doadores, por sua vez, conta com 1, 6 milhão de voluntários. O objetivo do investimento do governo federal é a instalação de 80 novos leitos para a realização das cirurgias em todo o país, divididos em módulos de cinco unidades em cada centro. Apenas no do DF, o investimento custará aos cofres públicos um total de R$ 1 milhão. ;Teríamos apenas dois leitos, mas, com o incentivo do ministério, resolvemos ampliar para cinco;, explica Maroccolo.

Células-tronco
Em junho deste ano, o DF passou a integrar a rede BrasilCord, que reúne os bancos públicos de sangue de cordão umbilical e placentário do país. O objetivo da iniciativa é aumentar a chance de sucesso das pessoas que esperam por um transplante de medula óssea. A unidade do DF localizada na Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) tem a capacidade para armazenar células-tronco provenientes de 3,6 mil cordões. A rede integrada de bancos aumenta muito a probabilidade de encontrar um doador compatível, por estar interligada a bancos de cordão umbilical de outros países. A coleta do material genético é permitida apenas em maternidades públicas do DF.

Apesar de ser uma experiência recente para os brasilienses, o primeiro Banco de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP) do Brasil foi implantado pelo Inca em 2001, no Rio de Janeiro. A partir daí, outras unidades foram inauguradas e, hoje, sete compõem a rede. O projeto prevê a instalação de 13 bancos no país, sendo oito construídos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Cada nova unidade tem o custo médio de R$ 3,5 milhões. A estimativa é que, em cinco anos de funcionamento, a rede armazene cerca de 65 mil cordões.


REFERÊNCIA MUNDIAL
O Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplantes de órgãos e de tecidos do mundo. São 548 estabelecimentos de saúde e 1.376 equipes médicas autorizados a realizar os procedimentos. O Sistema Nacional de Transplantes está presente em 25 estados, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes.

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