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Preço do álcool aumenta 5,9% e litro passa a custar R$ 2,15

No primeiro reajuste do ano, o litro do combustível mantém a desvantagem em relação à gasolina. Empresários alegam que a alta foi provocada pela entressafra da cana-de-açúcar

postado em 15/01/2011 08:38
O etanol teve o primeiro aumento do ano esta semana. Na maioria dos postos do Distrito Federal, o litro do combustível subiu R$ 0,12, pulando de R$ 2,03 para R$ 2,15. O reajuste de 5,9% reforça a desvantagem do álcool em relação à gasolina, que no fim do ano passado alcançou o patamar de R$ 2,78 e, desde então, não recuou. Os empresários do setor explicam que a alta nas bombas se deve ao período de entressafra da cana-de-açúcar e, mais uma vez, se dizem reféns das distribuidoras e usinas. Por ora, os litros de gasolina e diesel não devem subir de preço.

Por mês, José Hamilton gasta R$ 500 e afirma que ''ter carro flex não adianta muita coisa''Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do DF (Sinpetro-DF) argumentou que o novo reajuste é consequência da falta de uma política de abastecimento de etanol no Brasil. Segundo o texto assinado pelo presidente José Carlos Ulhôa, o preço do litro do álcool pago pelos postos saltou 22% nos últimos oito meses. Para manter os valores de mercado ;minimamente competitivos;, os revendedores teriam deixado de passar 7% ao consumidor.

Ao longo de 2010, o álcool não foi vantajoso nem mesmo quando registrou o menor preço do ano, em julho: R$ 1,89. Quatro meses antes, o combustível havia atingido o pico de R$ 2,35. O presidente da Rede Gasol, Antônio Matias, adiantou ontem que o litro do etanol poderá subir ainda mais neste início de 2011, mas acredita em queda a partir de março. ;Chega uma hora em não temos alternativa a não ser repassar os aumentos;, justificou Matias, dono de 91 dos cerca de 300 postos do DF.

Sem opção
Com o reajuste desta semana, encher um tanque de 50 litros ficou R$ 6 mais caro. O novo aumento força ainda mais os donos de carros flex ; que representam 41% da frota da capital federal ; a abastecer com gasolina. No ano passado, em todo o Brasil, as vendas de etanol apresentaram queda de 12% em relação a 2009, de acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom).

O motorista Paulo Cézar de Castro, 52 anos, não lembra a última vez em que abasteceu com álcool. ;Dirijo um carro flex, mas, na prática, não tenho opção;, comentou ele, que gasta cerca de R$ 800 por mês para encher o tanque com gasolina. O álcool é vantajoso quando o litro dele custar até 70% do valor do litro da gasolina. O cálculo é o seguinte: multiplique o preço da gasolina por 0,7. O resultado da conta é o valor máximo que deve ser pago pelo litro do álcool.

Em 2010, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), só valeu a pena abastecer com etanol em seis das 27 unidades da Federação. O preço médio do combustível passou de R$ 1,723, em 2009, para R$ 1,804. ;Ter carro flex não adianta muita coisa, virou enfeite. Há muito tempo não vale a pena usar o álcool;, reclamou o corretor José Hamilton Alencar, 53 anos, que compromete cerca de R$ 500 do orçamento mensal com combustível.

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