Cidades

Falta de espaços leva moradores a substituírem o verde por pedras e asfalto

postado em 24/01/2011 08:17
Na Quadra 6, a solução encontrada pelos moradores foi espalhar brita para demarcar o espaço para carrosNo começo, era uma área verde ao redor dos prédios do Setor Sudoeste Econômico. Mas, com o passar do tempo e o crescimento da frota de carros do bairro, o que era gramado transformou-se em brita. Os estacionamentos irregulares foram criados em área pública por moradores da maioria dos blocos das oito quadras do bairro para suprir a demanda por vagas. Enquanto em alguns prédios os estacionamentos são bastante rudimentares, em outros pontos o nível de sofisticação dificulta até a identificação da irregularidade. Além de estarem asfaltados e arborizados, a pista de acesso é pavimentada, quando na maioria das vezes a ligação se dá por meio de um trecho de terra. Para impedir que visitantes ou moradores de outros edifícios usem o espaço invadido, alguns blocos chegam a colocar correntes na entrada do local, que é rodeado por cerca viva.

A Administração do Sudoeste tem ciência do problema, mas diz estar de mãos atadas por não ter o poder de inspeção, competência da Agência de Fiscalização (Agefis). O administrador da região, Marcelo Ciciliano, afirma que há projetos e estudos para tentar solucionar a demanda por mais vagas nas quadras, mas não há previsão de custo e nem sequer quando serão implementados. ;É um processo demorado. Gostaríamos de conversar com a comunidade sobre os projetos;, diz Ciciliano. ;Não é só asfaltar. Há os aspectos ambiental e de iluminação de área pública, por exemplo, que têm de ser vistos. E nenhum projeto urbanístico agrada a todos;, diz Simone Prado, arquiteta da administração.

Plano
Segundo Ciciliano, entre 2009 e 2010, a QRSW 1 foi a primeira quadra a receber o plano urbanístico de instalação de novos estacionamentos. Ainda assim, o projeto, feito em parceria com a Novacap, precisa ser oficializado e registrado em cartório para ser regularizado. No entanto, os novos postos não foram suficientes para a extinção dos locais irregulares. Na Quadra 2, uma outra parceria com a Novacap começou a asfaltar os estacionamentos e chegou a criar um grande quadrante, que beneficia pelo menos quatro blocos, mas com a chegada da crise na política do GDF ; que derrubou o então governador José Roberto Arruda ; as obras foram paralisadas.

A bancária Margaret Cullura, 42 anos, acredita que houve falta de planejamento na hora de estruturar os estacionamentos. No prédio onde ela mora, são 18 apartamentos e 18 vagas, oferta bem inferior à necessidade. ;Os moradores de alguns apartamentos chegam a ter três carros. Aí, quando eles não param enfileirados, faltam vagas para os outros;, diz. Por enquanto, o prédio dela permanece apenas com o estacionamento público oficial.

Mas, no bloco ao lado do de Margaret, a brita está em cima da área verde dos fundos há pelo menos três anos com capacidade para 12 carros. O síndico, Fábio Santos, reconhece que o improviso se dá em área pública, e alega que antes de o estacionamento ser criado havia sempre mato alto e lixo no local. ;Mandei vários ofícios para a administração pedindo providências, mas nunca aconteceu nada;, diz. Em momento algum o prédio foi notificado ou alertado pelas autoridades competentes sobre as alterações. ;O Sudoeste foi mal planejado, nem calçadas têm aqui. A área acabou virando um estacionamento quando poderia ter um parquinho para as crianças. Mesmo assim, ainda falta espaço;, alega. O administrador Cristian Pratas, 33 anos, diz que desde que se mudou para o bloco, há cerca de um ano, a brita está lá e não resolve os problemas.

Patrícia crê que a solução pode ser a melhoria do transporte coletivoA maioria dos moradores lembra um aspecto fundamental do planejamento das quadras, que são relativamente novas: quase nenhum prédio tem garagem subterrânea. Apenas um bloco na Quadra 4 dispõe de abrigo para os veículos. A dentista Patrícia Ramos, 37 anos, mora há oito na quadra. Ela não tem dificuldades para parar o carro porque o estacionamento construído no bloco supre a demanda.

Mas Patrícia observa que desde que se mudou para a quadra a quantidade de carros aumentou muito. Ela enxerga o problema dos estacionamentos por outra vertente: ;Há cada vez mais automóveis nas ruas e, em vez de investir em alternativas e melhorias no transporte coletivo, decidem alargar as pistas para colocar ainda mais carros na rua. Estamos perto do centro da cidade e, ainda assim, para ir a um shopping a 2km, vamos de carro;.

Colaborou Mariana Laboissi;re


EQUIPE DA AGEFIS FARÁ AVALIAÇÃO
; O diretor de fiscalização da Agefis, Cláudio Caixeta, informou ao Correio que uma equipe será encaminhada ao local na próxima semana para averiguar a situação. ;Caso seja verificada a procedência dessa denúncia, vamos notificar os responsáveis e autuá-los. Sendo assim, será solicitada a modificação do espaço, isto é, ele vai ter que voltar a ser como era antes;, explicou.

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