Cidades

Com quase 13 mil leitos, a taxa de ocupação dos hotéis é de apenas 5%

As lojas de materiais de construção também amargam uma baixa no faturamento

postado em 02/03/2011 07:00
As vendas no Distrito Federal devem ser prejudicadas pela folia do carnaval. O setor hoteleiro será o mais afetado pela debandada dos parlamentares, assessores e empresários no feriado. Está prevista uma queda de 80% no movimento. Os saguões dos hotéis, diferentemente daqueles na capital baiana e carioca, devem ficar vazios. A ocupação máxima estimada é de 5% (650) dos quase 13 mil leitos disponíveis. Em uma semana normal de trabalho nos órgãos públicos, o movimento na capital chega a preencher cerca de 85% da capacidade do setor. Restaurantes, salões de beleza e lojas de material de construção preveem redução de 30% nas vendas também na próxima semana.O comércio de bebidas e de fantasias são os únicos otimistas. Representantes do setor acreditam que a demanda crescerá até 10%, o mesmo percentual é almejado por armarinhos e papelarias.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fecomercio), Adelmir Santana, diz que, apesar do esvaziamento da cidade, a venda de adereços movimenta o comércio local. ;Essa é a terceira melhor data para quem vende esses produtos. Perde apenas para as festas juninas e o Dia das Bruxas (30 de outubro). É claro que os brasilienses que os brasilienses que têm condições aproveitam oportunidade para sair da cidade e passear;, diz.

Além dele, Ney Francisco, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Distribuidora de Bebidas também está animado com a proximidade das festas. ;Essa época do ano é especialmente boa para o setor, assim como foi também o Natal e o ano-novo. O aumento da procura por bebidas este ano deve ficar entre 5% e 10%. Claro que, a partir de agora até o fim do ano, a tendência é que esse pique diminua. Ainda que o feriado da semana santa esteja próximo, ele não será tão bom quanto o carnaval.;

Dono de um bar e de uma distribuidora de bebidas, Maico Gurgel está contando com o aumento das vendas. ;Acho que vamos vender mais. Nós atendemos o público do Galinho e do Pacotão, além dos camelôs, que compram aqui para revender. A ideia é fazer um reforço no estoque nesta sexta-feira.;

Mas nem todos os comerciantes estão animados e muitos bares da cidade não ficarão abertos no carnaval. Alguns temem que abrir as portas nos próximos ter apenas prejuízo. Foi para evitar gastos desnecessários que Alonso José da Silva Filho, gerente de um bar na Asa Norte, optou por dispensar a equipe. ;O movimento é tão fraco, que não vale a pena. Principalmente porque o nosso público é de universitários. Como os alunos da UnB também estão de férias, nós preferimos fechar;, argumenta.

Prejudicados
O receio de ter mais despesas do que fluxo de consumidores atingiu praticamente todos os demais setores. Mas nenhum outro perderá tanto quanto o hoteleiro. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Thomás Iqueda, acredita que o governo precisa criar soluções para que brasilienses e turistas tenham interesse em passar o feriado na cidade. ;A gente ainda não tem uma identidade para esse período de carnaval, como se tem em outros estados. Ou se agrega valor ao carnaval daqui ou muda o foco. Com o turismo cívico, por exemplo, podemos ganhar com as pessoas que não querem a folia;, sugere.

Thomás duvida que as pessoas que ficarem na cidade movimentem os hotéis, mesmo com as promoções que serão realizadas. ;Pouca gente vai sair de casa apenas para se hospedar em um hotel. Por isso acho que a ocupação deve ficar entre 2% e 5% de toda a capacidade;, avalia.

Jaime Recena, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, acredita que os restaurantes devem perder 30% do movimento. ;Estamos em contato com todos os associados para programar promoções para esse período de festas. Pretendemos ter de 20 a 30 participantes, oferecendo preços convidativos em pratos específicos ou no cardápio de comidas.;

Segundo ele, para a semana do carnaval, a previsão é de 30% de redução no faturamento. Mas a recuperação deve ocorrer logo depois das festas. ;As pessoas retornam para casa e se esquecem das contas que fizeram fora. A vida volta ao normal;, diz Recena.

Na área da beleza, a previsão também não é boa. Helaine Furtado, presidente do Sindicato dos Salões de Barbeiros e Cabeleireiros, está convencida de que o movimento normal somente será retomado a partir de 15 de março. ;Os empresários se preparam para isso. Tanto que esta é a época em que mais se reforma e pinta o salão. O movimento forte de pé, mão e tintura cai 30%.;

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Materiais de Construção, Carlos de Aguiar, conta que a semana que antecede à da folia é praticamente perdida para as lojas do ramo. ;Nosso setor é muito prejudicado. O feriado acaba se estendendo e as nossas vendas param. Quando as pessoas voltam, com contas grandes para pagar, não encaram gastos extras em casa. Só voltaremos ao patamar normal em meados de abril;, lamenta.


Tradição
Criado em 1977, o Pacotão é o bloco mais tradicional do DF. Desde o início, as marchinhas exploram críticas e temas polêmicos. Este ano a música escolhida para ser tema da festa comemora a saída do ditador Hosni Mubarak, que governou o Egito por 32 anos. Outra composição feita para a data fala de política, com críticas ao novo governador do DF, Agnelo Queiroz (PT).

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