Cidades

Cerca de 2,5 mil morrem no país por ano em decorrência da asma

Roberta Machado
postado em 22/06/2011 07:55
Na última década, as internações em hospitais públicos do Distrito Federal para tratamento de asma caíram 66%, o equivalente a uma economia anual de R$ 1,5 milhão. Em 1999, 2.285 pessoas deram entrada em unidades de saúde com quadro asmático, ou 2,81% do total de internações ; 128 mil. Em 2010, o número caiu para 1.261, correspondente a 0,94% das 184 mil pessoas que precisaram ficar no hospital para tratamento. De acordo com a Secretaria de Saúde, essa queda ocorreu graças a programas de conscientização, como a Caminhada do Paciente Asmático, realizada no último domingo em celebração ao Dia Nacional de Combate à Asma, comemorado ontem. No DF, existem 30 centros de referência do Programa de Combate à Asma, onde os pacientes são assistidos e orientados. No total, são 70 especialistas em alergia ou pneumologia para cuidar desse público.

De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 111 milhões anualmente com a doença, mesmo que o número de internações, na rede pública, tenha caído 51% nos últimos 10 anos: de 397.333, em 2000, para 192.601, em 2010. No entanto, a patologia ainda mata cerca de 2.500 pessoas por ano. Mas a asma, embora não tenha cura, pode ser tratada com facilidade se diagnosticada corretamente.

Gonçalina Durães, 45 anos, tinha crises desde pequena, mas a vida no interior a impedia de consultar médicos especialistas. Durante anos, ela recebeu diferentes diagnósticos para sua dificuldade na respiração, até mesmo sopro no coração. A asma só foi descoberta no ano passado. ;Eu tive um resfriado e fui parar no hospital com falta de ar, perdi até o equilíbrio físico. Descobriram o que eu tinha e comecei o tratamento. Hoje consigo respirar melhor, faço caminhadas e pilates para manter a saúde;, contou.

Ontem, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) registrou três casos comprovados da doença em hospitais do DF. Durante o mês de maio, foram 187 atendimentos. De acordo com especialistas, é fundamental que a asma seja diagnostica precocemente. Porém, na maior parte dos casos, é descoberta depois dos seis anos de idade, ou mesmo somente na fase adulta. Mas esse cenário tem mudado nos últimos anos, graças à redução do preço de remédios e à disseminação de informação. ;Os asmáticos hoje têm uma qualidade de vida bem melhor. Há 15 anos, não tinham acesso a farmácias populares, nem acompanhamento de especialistas;, explicou a diretora regional da Asbai, Marly da Rocha Otero.

Clima seco
O monitoramento da asma por um médico especialista é ainda mais importante no Distrito Federal, onde o clima seco agrava os sintomas da patologia. Segundo Marly da Rocha, 80% dos asmáticos sofrem também de rinite alérgica, um mal que se complica em tempos de baixa umidade e temperatura. ;Aqui em Brasília, o tempo seco e frio é a pior época para quem sofrem de asma. E ela pode agravar uma possível gripe, então o paciente precisa tomar tanto a medicação de resgate quanto a preventiva;, explicou a alergista. Em um dos hospitais de referência no tratamento de asma no DF, o Hran, o número de atendimentos de emergência sobe 20% durante o inverno.

A coordenadora do Programa de Combate à Asma da Secretaria de Saúde, Marta Guidacci, explica que o diagnóstico e tratamento da doença evitam que alunos faltem às aulas, adultos deixem de ir ao trabalho ou saiam correndo de casa para o hospital no meio da madrugada porque tiveram uma crise. ;Cerca de 3 mil pessoas morreram no ano passado em decorrência da enfermidade. Com as palestras e conscientização, conseguimos mostrar que as pessoas que têm asma também pode ter qualidade de vida;, ressaltou. ;O lugar de tratamento é nos centros de prevenção e não na Unidade de Terapia Intensiva (UTI);, complementou a coordenadora.

A servidora pública Fabíola Godoi, 31 anos, faz parte desse grupo de pacientes que deixou as salas de emergência. Vítima da asma desde pequena, ela dependia da bomba e sofria com crises que a levavam com frequência ao pronto-socorro. No ano passado, Fabíola resolveu saber mais sobre a patologia. Melhor informada, começou a correr e a malhar, e um ano depois já sente a diferença. ;Meu nível de resistência era muito menor. No tempo frio e seco as crises eram mais constantes, mas agora estou conseguindo controlar muito bem a doença. Tudo foi questão de me informar e agir para o meu próprio bem;, afirmou.

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