Cidades

Site candango sem fim lucrativos funciona como um gerenciador de doações

postado em 20/07/2011 07:27
Dar e receber livros, animais de estimação, eletrodomésticos, tênis e até abraços e palavras é a proposta do site Mudar o Mundo. Na internet desde março, a página funciona como um gerenciador de doações, e chega a medir a generosidade dos integrantes. A ideia nasceu após as inundações na Região Serrana do Rio de Janeiro. Os criadores do espaço, o programador Marcos Vinicius Gomes da Silva, 28 anos, e o publicitário Antônio Ventura, 27, pensavam em uma maneira mais eficaz para levar donativos às vítimas. ;A falta de comunicação fazia com que comida e roupas não chegassem ao destino, ou não atingissem os mais necessitados. Com o site, distribuímos melhor;, conta Vinicius.

Esse espaço é mantido pelos próprios fundadores, que não têm qualquer lucro. O site organiza os doadores e receptores em um mapa e os usuários se cadastram por região, mas nada impede trocas entre pessoas de estados diferentes. Ontem à tarde, na página inicial, uma pessoa de Goiânia doava uma mesa de estudo, alguém do Acre oferecia um curso de cálculo diferencial e, em Minas Gerais, uma empresa disponibilizava materiais de obra para instituições filantrópicas de ensino de serralheria. No DF, usuários do Gama anunciavam duas bolsas para bebê e um urso de pelúcia rosa. No Plano Piloto, moradores da Asa Sul ofereciam um CD-Rom com curso básico de francês e uma cadeira de rodas.

O programador Vinícius Gomes coordena site de doações, Mudar o Mundo.Uma das principais características do site é que o doador e o receptor combinam a entrega do produto e o que é oferecido circula entre pessoas de várias classes sociais.;Quando alguém procura uma entidade e leva um donativo, não vê quem recebe. Nesse caso, embora as pessoas se conheçam pela internet, elas escolhem a quem doar e se encontram;, explica. Cabe a Antônio mostrar a importância de participar. ;Nós moderamos o que é oferecido. Acredito que as pessoas têm uma índole boa e criamos um espaço para isso.;

Doar mais

A interatividade do Mudar o Mundo criou uma corrente de doações. O programador Cristiano Mendes, 31 anos, precisava de um livro que custava mais de R$ 200. Encontrou no site. ;Conversamos e, uma semana depois, a pessoa que estava doando o livro se encontrou comigo em frente à Universidade Católica, em Taguatinga. Em contrapartida, já doei no site um modem 3G e estou concluindo um outro livro, que também será doado. No início, achei que não iria funcionar, mas vi que vale a pena;, garante.

A ex-dona do livro doado, Jéssika Carrijo, 20, engenheira social moradora do Recanto das Emas, gostou tanto da ideia que resolveu participar. Na primeira doação, conheceu Cristiano. Além da nova amizade, sentiu ainda mais necessidade de ;circular; o que não utilizava. ;Fiquei supersatisfeita em saber que o livro, que eu não usava, seria útil para o Cristiano. Muitas vezes há coisas que você não usa e no Mudar o Mundo descobre alguém que precisa, independentemente do poder econômico;, destaca.

Os criadores do site também protagonizaram histórias de doações. Antônio Ventura disponibilizou brinquedos dos anos 1980 que ainda tinha guardados em casa, uma coleção de bonecos articulados dos Comandos em Ação. Uma pessoa demonstrou interesse em São Paulo. Conversando, o publicitário e Vinicius descobriram que se tratava de um adulto, mas decidiram, ainda assim, entregar o presente em mãos, já que tinham uma viagem marcada para a capital paulista. Lá, tiveram uma experiência que demonstrou o valor do trabalho. O interessado se emocionou muito e contou que não teve condições, quando criança, de ter brinquedos. Realizou, então, um sonho.

Marcos Vinicius conta que recebe, por e-mail, histórias sobre doações e agradecimentos com espaço até para fatos engraçados. Segundo ele, uma mulher ofereceu o marido. Como o texto era em tom de brincadeira e sem agressividade, eles não bloquearam. ;Teve uma menina que queria um par de patins. Os pais não acreditaram no site, mas acabaram marcando um encontro com a pessoa que oferecia o brinquedo. Estavam desconfiados, mas foram felizes. Agora, desenvolvemos um programa maior, que possa coordenar doações em larga escala e gerenciar catástrofes. Faremos com que, em casos como o do Rio, chegue água para quem precisa de água, roupa para quem precisa de roupa e comida para quem precisa de comida, tudo com agilidade e eficiência;, revela o programador.

Em números
Em apenas quatro meses, o Mudar o Mundo mostrou que existe muita gente interessada em fazer doações. Para se ter uma ideia, a página já contabiliza mais de 300 acessos diários, tem mais de mil usuários cadastrados e conta com cerca de 700 doações em andamento.

Participe
O endereço do Mudar o Mundo é www.mudaromundo.com.br. Para fazer doações, basta se inscrever gratuitamente no site ou entrar pela conta da rede social Facebook.

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