Cidades

Excesso de velocidade é a principal transgressão do motorista brasiliense

Antonio Temóteo, Adriana Bernardes
postado em 14/10/2011 06:37
Cerca de 360 pessoas morreram no trânsito nos primeiros nove meses deste ano, o maior índice desde 2003. Os pedestres também não têm vez nas vias da capital federal: são 86 mortes em sete meses. Nem os dados nem as histórias de sofrimento contadas por aqueles que perdem um familiar são suficientes para mudar o comportamento do motorista brasiliense. Levantamento do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) demonstra que os condutores insistem em transgredir as leis. De janeiro a junho de 2011, as multas aplicadas em decorrência do excesso de velocidade, da falta do cinto de segurança, do uso de aparelho celular e de embriaguez ao volante alcançam marcas absurdas. Nesse período, 612 mil motoristas foram flagrados dirigindo acima da velocidade permitida na pista. Isso significa 3,3 mil multas por dia e 137 por hora. Outros 23 mil condutores foram pegos falando ao celular enquanto guiavam seus veículos, uma média de 131 infrações diárias (Veja arte).

Não há como eximir a culpa da fiscalização. O próprio órgão de controle admite que não há agentes necessários na rua para acompanhar e punir os infratores. Porém, a consciência do cidadão também tem deixado a desejar. De acordo com o sociólogo e consultor em segurança no trânsito Eduardo Biavati, ao levar uma multa, muitos colocam a culpa no Estado e dizem que o intuito é somente aumentar a arrecadação. É difícil encontrar alguém que reconheça o erro e saiba que, ao desrespeitar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), coloca a própria vida e a de outros em risco.

O especialista explica que o fator mais decisivo para a gravidade de um acidente é a velocidade. ;Existe um porquê para as leis existirem. Alguém pesquisou o ideal para cada trecho. Muitos criticaram aquele deputado de Curitiba que matou duas pessoas por estar a 180km/h, mas quem passa dos 80km/h está fazendo a mesma coisa. Ao dirigir com o velocímetro cravado em 83km/h ou 85km/h, a possibilidade de matar é a mesma;, ressaltou.

Embora pareça uma infração inofensiva, usar o celular ao dirigir é a segunda maior causa das mortes, segundo especialistas ouvidos pelo Correio. E, nesse caso, nem os números apresentados nas estatísticas correspondem à realidade. ;Se fizessem três dias de fiscalização somente no Setor de Autarquias Sul, por exemplo, diversas pessoas seriam multadas mais de duas vezes por dia. Em uma semana, elas perderiam a carteira de habilitação por exceder os 20 pontos permitidos;, disse Biavati. O uso do aparelho é tão frequente no trânsito que alguns só lembram de fazer ligações ao entrar no carro. ;Em 10 segundos é possível atropelar alguém, não ver um motociclista. É preciso aumentar a fiscalização e punir essas pessoas;, complementou.

De acordo com o chefe de fiscalização do Detran, Marcelo Madeira, o número de agentes no DF está muito aquém do ideal. Atualmente, 120 profissionais atuam no policiamento do trânsito. Seriam necessários, pelo menos, 650. ;O Denatran recomenda que exista um agente para cada um ou dois mil veículos. Na capital, são 10 mil para cada agente. Em Manaus, existem 232 empregados aplicando a lei para uma frota de 300 mil veículos. Aqui, temos uma frota de quase 1,3 milhão;, acrescentou Madeira. Até o fim deste mês, existe a previsão de edital para o concurso do Detran. Para contratação imediata, serão somente 100 oportunidades.

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