Cidades

Das 31 regiões que compõem o DF, 17 têm parte do território irregular

Ana Maria Campos
postado em 12/12/2012 06:16
Vista aérea do Jardim Botânico mostra que as ocupações irregulares não escolhem classes sociais: um terço do DF tem problemas fundiários

Brasília foi criada para ser modelo. O plano urbanístico da nova capital foi feito mediante concurso público, vencido pelo arquiteto Lucio Costa. Como imaginar que, 52 anos após sua inauguração, o Distrito Federal tenha se tornado um celeiro de todo tipo de irregularidade que existe Brasil afora? Os números são devastadores. Das 31 regiões administrativas que compõem o DF, 17 têm parte do território irregular. Em alguns casos, a situação é ainda mais grave, com toda a área fora da lei. Entre bairros ou cidades inteiras, oito têm esse perfil: seis RAs ; Paranoá, Itapoã, Estrutural, Jardim Botânico, São Sebastião e Vicente Pires ; e dois bairros de Ceilândia, o Sol Nascente e o Pôr do Sol.

[SAIBAMAIS]Juntas, essas localidades reúnem quase 450 mil moradores, sem contar os residentes dos condomínios irregulares, o que eleva esse contingente a praticamente um milhão de pessoas. Dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) indicam que um terço da população da capital, próxima a 2,7 milhões habitantes, mora em área irregular e mais da metade deles (57%) não têm a escritura de registro imobiliário, ou seja, não são os verdadeiros donos dos próprios imóveis que habitam.



A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios do DF, feita em 2011e que condensa informações sobre moradia na capital, dimensiona a partir de números o tamanho do problema. Em uma consulta na qual os moradores declaram suas condições, constatou-se que 158.179 domicílios próprios são completamente irregulares. Corresponde a 20,2% de todas as residências do DF. O presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, alerta que essa quantidade pode ser ainda maior e chegar a um terço da população. ;Muitas pessoas, por receio ou mesmo constrangimento, deixam de relatar a situação real de moradia;, explica o técnico. Soma-se a isso o fato de que quem paga aluguel nem sempre reporta fielmente a condição do registro do imóvel onde vive.



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