Cidades

Faroeste Caboclo representa o Brasil em festival internacional de cinema

A saga de amor e vingança de João de Santo Cristo, Maria Lúcia e Jeremias está há 12 semanas em cartaz nos cinemas brasileiros

Renato Alves
postado em 13/08/2013 15:10
Elenco do filme Faroeste Cabloco no hotel San Peter. Felipe Abib, Isis Valverde e Fabricio Boliveira

Rodado no Distrito Federal e Entorno, o filme Faroeste Caboclo, do brasiliense René Sampaio, vai fazer sua estreia nos grandes festivais e representar o Brasil no 38; Festival Internacional de Filme de Toronto, no Canadá, que acontece entre 5 e 15 de setembro. É nesse evento que costumam estrear internacionalmente muitos dos favoritos ao Oscar. Foi assim com Quem Quer Ser um Milionário (2008), Guerra ao Terror (2009), O Discurso do Rei (2010) e Argo (2012).

O maior festival da América do Norte acontece na primavera no hemisfério norte, quando os filmes mais sérios, candidatos a prêmios, costumam fazer suas estreias. É também um excelente mercado para os longas independentes que fecham seus acordos de distribuição nos Estados Unidos. O festival não tem competição e há somente a escolha do preferido do público.

Convidados pelo festival, o diretor René Sampaio, o ator Fabricio Boliveira (intérprete de João de Santo Cristo, protagonista da história) e a produtora Bianca de Felippes estarão presentes no festival canadense.

A saga de amor e vingança de João de Santo Cristo, Maria Lúcia e Jeremias está há 12 semanas em cartaz nos cinemas brasileiros e já atraiu mais de 1,5 milhão de espectadores.

Em Toronto, o filme estará na programação Contemporary World Cinema, que exibe filmes com histórias irresistíveis de diversas nacionalidades.

Canção-hino
Faroeste Caboclo, o filme, segue roteiro fiel aos versos da letra da canção-hino, sucesso da Legião Urbana que retrata a violência e desigualdade brasilienses de 30 anos atrás. Cerca de 80% do tempo de tela é ocupado por cenas rodadas no Distrito Federal e no Entorno. O resto foi rodado em Pau Ferro, sertão de Pernambuco, e no Polo de Cinema de Paulínia (SP). Respeitado no universo da sétima arte por curtas como Sinistro (2000), René Sampaio estreou em longas com Faroeste caboclo.



Outro candango envolvido na obra é o músico Philippe Seabra, fundador, vocalista, guitarrista e letrista da Plebe Rude, banda formada nos anos 1980 em Brasília, como Os Paralamas do Sucesso, o Capital Inicial e a Legião Urbana. Seabra é o responsável pela trilha sonora de Faroeste caboclo. Trilha que inclui a canção-título.

Famosos

Faroeste Caboclo, a canção, foi composta por Renato Russo em 1979, quando ele tinha apenas 19 anos, mas lançada somente em 1987, no álbum Que país é este?, da Legião Urbana. Escrito por Marcos Bernstein e Victor Atherino, com consultoria do escritor Paulo Lins, autor do clássico livro Cidade de Deus, o roteiro de Faroeste caboclo ambienta a rotina violenta de quadras do Plano Piloto e, principalmente, da periferia de Brasília entre 1979 e 1981.

Para dar vida à canção nas telonas, os roteiristas criaram novos personagens. Além de João, Maria Lúcia e Pablo, há um senador e um policial corrupto. Vivido pelo experiente Marcos Paulo, o senador é o pai de Maria Lúcia. O não menos experiente Antonio Calloni interpreta o policial bandido.

Entre os protagonistas do longa, há atores que ganharam fama recentemente com participações em tramas globais. Protagonista da minissérie Subúrbia, Fabrício Boliveira interpreta João de Santo Cristo, o rapaz pobre do interior da Bahia que se muda para Brasília em busca de uma vida melhor. Já Maria Lúcia, a quem Santo Cristo o coração prometeu, é vivida por Ísis Valverde, a piriguete-maria-chuteira Suellen da novela Avenida Brasil. Jeremias ;maconheiro sem-vergonha, que desvirginava mocinhas inocentes e se dizia que era crente mas não sabia rezar ; é vivido pelo jovem ator de teatro Felipe Abib.

Na trama de René Sampaio, o gosto pela maconha leva Maria Lúcia a conhecer os inimigos Jeremias e Santo Cristo. Os traficantes se encontraram pela primeira vez em um casarão do Lago Sul. Jeremias é marcado pelas roupas de couro e um bigodão ao estilo mexicano, típico dos antigos faroestes americanos. Para manter esse clima de bangue-bangue, o diretor escolheu as ruas empoeiradas do Jardim ABC, para rodar as cenas de Ceilândia do fim dos anos 1970. A comunidade localizada no Entorno recebeu uma cidade cinematográfica e a equipe de Faroeste caboclo por quatro semanas.

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