Cidades

Opinião: o PPCub compromete vazios que exigem preservação

postado em 18/03/2014 09:58

O debate sobre o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCuB) reúne dois campos claramente opostos. De um lado estão aqueles que, sob a suposta preocupação de modernizar a capital patrimônio, estão empenhados em levar adiante proposições de enorme impacto no traçado original da cidade. Os vestais do futuro defendem modificações no âmago do conceito definido por Lucio Costa. Alegam que as medidas aprovadas durante os debates no Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do DF (Conplan) têm respaldo da unanimidade. Mas as reuniões que sacramentaram a ocupação da 901 Norte e a criação de um estacionamento subterrâneo na Esplanada, na semana passada, foram marcadas pela ausência deliberada de integrantes do corpo técnico - leia-se arquitetos e urbanistas - que participam da discussão. É difícil sustentar unanimidade nessas condições.




Do outro lado da trincheira estão representantes do Instituto dos Arquitetos do Brasil, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e da Universidade de Brasília, além de cidadãos que se manifestam em favor da preservação da cidade. Esse grupo repudia o açodamento das propostas em elaboração do Conplan e considera nocivos os interesses que movem os próceres do PPCub. Acreditam que uma proposta com desdobramentos inequívocos sobre o tombamento de Brasília precisa necessariamente passar por respaldo técnico e não pode ficar exposta à influência política, ao poder econômico e a interesses imediatistas.



[SAIBAMAIS]Nesse contexto, é evidente que o PPCub enfrenta grave problema de legitimidade. Um documento ainda em fase preliminar, a ser apresentado à Câmara Legislativa, demonstra sinais preocupantes de desequilíbrio e tendencionismo. Esse sentido de urgência na aprovação das propostas, em ano eleitoral, compromete a qualidade das análises e abre risco para consequências nefastas à qualidade de vida de Brasília.

Como o debate está em aberto, convém lembrar que o passado, o presente e o futuro formam o tripé de toda civilização. Sabemos que Brasília não é mais a mesma de 10 anos atrás. Se não houver cuidado e parcimônia, a capital corre o risco de ficar como a celebridade que, de tantas intervenções plásticas, se tornou irreconhecível.

Assista à reportagem da TV Brasília

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