Cidades

Centenária que está na capital desde a construção conta sua história

Parente de Lampião, Maria Francisca do Nascimento testemunhou a violência, sofreu com o marido recrutado durante a Segunda Guerra Mundial e cuidou de 14 filhos, seis pentanetos, 63 tetranetos e 67 netos. Sadia, a pioneira de Brasília quer "um mundo mais calmo para as próximas gerações"

postado em 08/04/2014 06:00
Completamente lúcida, a paraibana Maria  faz caminhadas e quase todas as atividades domésticas

Poucos têm ou terão a chance de conhecer e cuidar de um quinquaneto. Maria Francisca do Nascimento tem seis. Ela, que completa 107 anos amanhã, ainda possui 63 tataranetos, 67 netos e 14 filhos ; oito vivos. E o tamanho da família, aliado a muita oração, arroz e feijão, é o segredo da longevidade, segundo a centenária. ;Já vivi muito, mas passou tão rápido. Ainda não penso em ir embora, quero ficar mais neste mundo para ensinar as gerações futuras o que aprendi com meus pais;, ressalta, com muita alegria.



Mais conhecida como vó Santa, Maria nasceu em Cajazeiras (PB), em 1907. Depois de se casar, aos 16 anos, mudou-se para Pau dos Ferros (RN), onde morou até 1960. De lá, migrou para a recém-inaugurada Brasília. ;Meu marido trabalhava em uma fábrica de tecido e foi transferido. Nessa época, pari 14 filhos sozinha, sem ajuda de parteira. Na primeira, comecei a sentir as dores quando estava à beira do açude e, quando voltei para casa, minha filha nasceu. Fiquei com medo de cortar o cordão umbilical, então, meu marido foi de jumento procurar uma parteira para o serviço;, lembra.

Maria veio para Brasília em um caminhão pau de arara, com 22 parentes, em busca de melhores condições de vida. ;Primeiro, veio meu tio, para ajudar na construção da cidade. Depois, viemos todos. Lembro que o meu bisavô, pai dela, ficou sentado na calçada vendo o caminhão sair porque não coube mais pessoas. Depois disso, não voltou mais a Pau dos Ferros;, relata uma das netas de Maria, Gildete Feitosa, 65 anos. ;Às vezes, me pego com saudade daquela época, fico com vontade de ir lá;, comenta Maria. Primeiro, ela morou em Taguatinga, mas logo se mudou para o Gama, onde mora até hoje. ;Gosto muito daqui, todos me conhecem.; Maria não bebe ou fuma. ;Quando era moça, às vezes tomava vinho nas festas e fumava charuto, mas larguei cedo;, frisa.

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