Cidades

Após suspeita de agressão, pai deve pedir guarda de criança de cinco anos

Com a ajuda de uma vizinha, a babá fotografou as marcas da violência e denunciou o caso ao Conselho Tutelar. O menino está agora com o pai

Adriana Bernardes
postado em 29/08/2014 07:09
A ferida aberta e as marcas roxas e vermelhas nas pernas e no bumbum denunciam os castigos físicos impostos a um menino de 5 anos em Águas Claras. O padrasto, com a conivência da mãe do garoto, é acusado de agredi-lo. A babá denunciou o caso. Incentivada pelo namorado, ela fotografou os machucados e pediu ajuda a uma vizinha, funcionária da Justiça do DF. As duas mostraram as imagens ao Conselho Tutelar na última segunda-feira.

No mesmo dia, os conselheiros estiveram no apartamento da família e conversaram com o menino. Ouviram dele que as agressões eram resultado das surras do padrasto. Os servidores, então, tentaram levá-lo ao Instituto de Medicina Legal (IML), mas foram impedidos pela mãe. A mulher se comprometeu a comparecer na terça-feira à sede do conselho para prestar esclarecimentos, o que não aconteceu. Diante disso, os conselheiros localizaram o pai biológico e o orientaram a pedir a guarda.

As agressões deixaram marcas roxas e vermelhas nas coxas do garoto

[SAIBAMAIS]Ao ver os ferimentos no corpo do filho, o pintor e estudante de radiologia, de 27 anos, ficou chocado. ;Deu um aperto aqui no peito;, resumiu. Ele conta que não desconfiava de nada porque, há três meses, a mãe da criança se mudou do Gama, onde viviam, e não deixou nenhum contato. ;Descobri, por meio do irmão dela, que estavam vivendo em Águas Claras. Pedi para ver o menino, e ela não deixou. Já faz três meses que eu não o vejo. Nem no Dia dos Pais nem no meu aniversário ela deixou ele ficar comigo;, contou. O drama da criança foi revelado ontem no Jornal Local, da TV Brasília.

Assim que soube das agressões, o pai obteve na Justiça o direito de ficar com a criança. Acompanhado de um conselheiro tutelar e com reforço policial, retirou o filho do apartamento de Águas Claras. A prioridade, agora, é conseguir um psicólogo. O dinheiro que ganha como pintor não é suficiente para pagar um tratamento. ;Fui à Vara da Infância e da Juventude e pedi ajuda ao Conselho Tutelar. Disseram que vão me ajudar. Na primeira noite em que dormimos juntos, ele acordou no meio da noite assustado. Levantou de uma vez e ficava olhando em volta. Até filmei para mostrar para a psicóloga, quando a gente arrumar uma;, revelou.



Culpa

O pai conheceu a ex-mulher em 2006. O casamento durou até 2012, apesar de nunca terem dividido o mesmo teto. Ele informou que o padrasto do garoto, engenheiro civil, era chefe dela e não soube dizer quando os dois começaram a ter um relacionamento amoroso.

No fim da noite de ontem, ele levou o menino ao IML para fazer exame de corpo de delito. Procurada pelo Correio, a babá não quis dar entrevista. À TV Brasília, a conselheira tutelar Wiara Mesquita revelou que a vítima confirmou as agressões sofridas. Além disso, o menino acrescentou que elas partiam do padrasto. A mãe dele, no entanto, assumiu a culpa pelas pancadas.

A titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Valéria Martirena, explicou que o casal responderá em liberdade. Nos próximos dias, todos os envolvidos serão chamados para prestar esclarecimentos. Se as agressões ficarem comprovadas, os acusados podem ser indiciados por tortura ou lesão corporal grave.

Denuncie

; Quem presenciar ou suspeitar que uma criança é vítima de maus-tratos pode fazer a denúncia na Secretaria da Criança pelos telefones 3234-8555 e 3234-2876.

; O serviço funciona 24 horas.

; Não é preciso se identificar.

; Outra opção é ligar no Disque 100, do governo federal.

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