Cidades

Não basta aprender: existem aulas para perder o medo de dirigir

Só neste ano, 103 pessoas procuraram o Detran para superar a fobia de pegar no volante. Intenção do órgão com curso teórico é que a pessoa volte a guiar

Isa Stacciarini
postado em 30/08/2014 07:20

Maria Fernanda superou o medo após 14 aulas:

Os anúncios que oferecem aulas para quem tem medo de dirigir se espalham pelo Distrito Federal. Seja em faixas ao longo das pistas, seja em cartazes afixados em postes e em paradas de ônibus, as propagandas prometem ajudar os condutores, que, embora habilitados, preferem se manter distantes do banco do motorista. O medo da direção, segundo especialistas, envolve predisposição biológica, falta de preparo e características pessoais que resultam em um quadro clínico de fobia. Neste ano, 103 pessoas procuraram o curso Iniciação à superação do medo de dirigir, oferecido pelo Departamento de Trânsito (Detran). Em 2013, 331 buscaram ajuda.

No entanto, o curso gratuito disponibilizado pelo Detran é apenas teórico e tem carga horária de 32 horas/aula. Durante os encontros, os participantes recebem informações sobre relações humanas, psicologia de trânsito, legislação e direção defensiva. Empresas que anunciam esse tipo de aula, porém, oferecem o treinamento nas ruas da capital. Diferentemente das autoescolas, elas cumprem percursos em trajetos não programados. A intenção é que o aluno se familiarize com o tráfego diário. O Detran, no entanto, não realiza o credenciamento desse tipo de serviço.

O medo de assumir a função de motorista afeta mais as mulheres. Segundo o Detran, elas formam 90% do público que enfrenta a fobia. A chefe do Núcleo de Formação, Rafaela Albuquerque, explica que a maioria se distancia da direção pela falta de prática e pelo envolvimento em acidentes. ;Primeiro, nós exercitamos a mente dos alunos para que depois eles possam praticar na rua. O foco é diferenciado porque as aulas têm uma iniciação teórica da superação do medo. É inviável oferecer um curso prático pela falta de estrutura de carro e de corpo docente. Além do mais, esse não é o nosso foco. Buscamos a iniciação como primeiro incentivo para que a pessoa volte a dirigir;, ressalta.

O medo de dirigir fez parte da realidade de Maria Fernanda Salazar Palma, 41 anos, há pelo menos cinco anos. Em 2009, a analista de requisitos tirou a habilitação, mas guiava pouco e apenas pela necessidade de levar uma amiga ao hospital. Após a melhora do quadro clínico da colega, ela abandonou a direção. ;Eu travei e não quis mais saber. Tinha medo de atropelar alguém, de ultrapassar algum sinal vermelho e de machucar outro motorista. O meu medo era agredir alguém com o meu carro pela falta de experiência, e isso era um fator importante para eu não dirigir mais;, conta.

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