Cidades

Artigo: Onde os fracos não têm vez

postado em 14/09/2014 22:35



Zera o cronômetro. A 21 dias da eleição, a campanha ao Governo do Distrito Federal volta à posição de start, com a desistência de José Roberto Arruda, que foi levado a renunciar à candidatura depois de avaliar, com o seu grupo político, que as chances de reverter a condenação pela Lei da Ficha Limpa são mínimas no Supremo Tribunal Federal. Além da certeza de que o pleito em Brasília é um verdadeiro enredo de filme, garantia de emoções certas, resultados incertos e forte polarização, restam-nos dúvidas em série. É preciso começar uma nova campanha a partir de agora para podermos tentar responder a algumas perguntas.

Apesar de ficha suja, Arruda era o candidato favorito do eleitor brasiliense ao Buriti. Conseguirá transferir esses votos à dobradinha apadrinhada pelo cacique Joaquim Roriz? Jofran Frejat, até então candidato a vice, tornou-se o cabeça de chapa, e Flávia, mulher de Arruda, como vice, completa o novo time. Talvez seja pouco tempo para Arruda convencer que o combo Frejat-Flávia é a encarnação dele próprio, de suas ideias, de seu carisma, avaliam alguns políticos que bem conhecem as eleições no DF. Mas, como a campanha está recomeçando, nunca se sabe. Do poder de convencimento de Arruda só os loucos duvidariam. Ele próprio e sua turma abusam do otimismo e confiam plenamente que o novo arranjo é capaz de dar ao grupo uma vitória em primeiro turno. A ver.

E os outros candidatos, como ficam? Praticamente empatados, o governador, Agnelo Queiroz, e Rodrigo Rollemberg, que se apresenta como uma via alternativa e nova ao DF, terão de repensar suas estratégias de campanha. Rollemberg ainda conta com a simpatia brasiliense por Marina Silva, que desde a última eleição presidencial já levava a melhor por aqui. Mas, numa primeira análise, o PT ganha mais com a saída de Arruda, visto que o espólio eleitoral do candidato não cai automaticamente na conta de Frejat, mesmo com Flávia, que carrega o sobrenome do marido, a tiracolo. Não se pode esquecer, porém, da longa trajetória de Jofran Frejat na política local, que num embate sobre a área de saúde, um tema crítico, talvez pressione Agnelo.

A recuperação de Dilma Rousseff nas últimas pesquisas, o capital político do PT no Distrito Federal e a histórica tendência de polarização das eleições em Brasília alimentam as esperanças dos petistas e colocam Agnelo em posição mais vantajosa, ainda não vista nesta campanha. Será que, enfim, o partido vai mergulhar de verdade na campanha de Agnelo? Foi assim em 2010 quando Roriz desistiu em favor da mulher também por ter sido considerado ficha suja. Ali o PT entrou pra valer na disputa. A desistência de Arruda para muitos surge como a chance mais palpável de reeleição de Agnelo. Os petistas certamente vão dormir mais tranquilos hoje. Agora, é esperar, acompanhar e se surpreender com o desfecho da eleição. Ou não.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação