Cidades

Sequestrador conta como entrou em hotel e fez mensageiro refém

Jac Souza dos Santos deu detalhes de como planejou a ação que mobilizou a cidade. Por sete horas, ele manteve um funcionário do hotel sob a mira de uma arma falsa

postado em 30/09/2014 10:50

O sequestrador que invadiu o hotel St. Peter e ameaçou explodir o prédio voltou a reforçar o desejo de ;lutar pela nação;. Ele concedeu uma entrevista a jornalistas na manhã desta terça-feira (30/9), na 5; Delegacia de Polícia (Área Central). Durante 45 minutos, Jac Souza dos Santos, 30 anos, contou como executou o plano que mobilizou 100 policiais civis, 26 bombeiros e 50 policiais militares, além de servidores da Agência Brasileira de Inteligência(Abin).

Sequestrador usou bandeiras políticas como motivo para o crime

[SAIBAMAIS]

Jac afirmou ter chegado ao estabelecimento situado no Setor Hoteleiro Sul por volta das 5h do domingo (28/9), mas o check-in só poderia ser realizado às 7h. Existia uma diferença de R$ 150 para pagar no ato da entrada, mas o homem informou ao atendente que um amigo entregaria a quantia. Autorizado a ocupar uma suíte no 13; andar, solicitou, pouco tempo depois, a presença de uma camareira. ;Quando ela chegou, mostrei a arma e ela ficou muito nervosa. Vi que não conseguiria colocar meu plano em prática com ela. Então, chamei outra pessoa. Chegou esse senhor (José Ailton) e eu o rendi, mas tive o cuidado de perguntar se ele tinha boa saúde;, relatou.

Durante a conversa com a imprensa, ele voltou a divagar sobre temas políticos, como a extradição do italiano Cesare Battisti. Pediu ainda justiça em casos pontuais, como o de uma criança estuprada e morta em Tocantins, onde morava e foi candidato a vereador em duas eleições.

Sem doença mental

O delegado responsável por investigar o caso, Marco Antônio de Almeida, disse não acreditar que o suspeito sofra de alguma doença mental. ;O discurso dele é muito coerente. Ele não demonstra sinais de que tenha agido sob influência de alguma patologia;, afirmou. Num dos CDs apreendidos pela polícia com áudios gravados, Jac conta que estaria com um câncer terminal e tinha pouco tempo de vida.

No entanto, confessou que tudo não passou de uma estratégia para impressionar os investigadores. ;O governo sabendo que eu não tinha muito tempo de vida, poderia atender as minhas reivindicações mais rapidamente. Na verdade, não tenho doença alguma;, admitiu o sequestrador.

O delegado Marco Antônio disse que Jac correu risco ao tentar chamar a atenção. ;Havia vários atiradores de elite posicionados. Só não houve uma tomada de decisão de autorizar o tiro letal porque, desde o início, os especialistas perceberam que a arma era falsa. A forma como ele manuseava a pistola indicava que era um objeto muito leve. Também houve a suspeita de que as dinamites eram falsas pelo fato de o sequestrador não portar um mecanismo para denotar o artefato;, contou o delegado.

Jac ainda deu detalhes sobre a execução do plano. Ele passou meses produzindo o artefato falso. Dentro de canos de PVC, colocou terra e serragem. Depois, envolveu os objetos num colete camuflado. ;Entrei na internet e fui copiando as instruções;, disse, rindo. A algema e a arma de brinquedo foram compradas na Feira dos Importados há duas semanas, segundo ele.



Durante a ação no hotel St. Peter, na manhã de segunda-feira (29/9), Jac usou as bandeiras políticas como motivo para o sequestro do mensageiro José Ailton de Sousa e para as ameaças de explodir o prédio, que tinha 300 hóspedes no momento da invasão. Ao longo de 7 horas, a vítima foi mantida sob a mira de um revólver e obrigada a vestir um colete com supostas dinamites.

Um vídeo, divulgado pela Polícia Civil, mostra o momento em que o refém se rendeu. Ele aparece com as mãos para o alto e não apresenta resistência Veja:


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