Cidades

Cerca de 200 mil pessoas ficam sem Réveillon na Esplanada

Caso descumpra a decisão, o governo local pode ser obrigado a pagar multa de R$ 100 mil para cada ato realizado contra a decisão judicial

postado em 20/12/2014 08:58
Ameaçado por falta de verbas e pelos questionamentos do Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e do Tribunal de Contas (TCDF), o réveillon deste ano na Esplanada dos Ministérios e na Prainha, na Avenida das Nações, deve mesmo ir por água abaixo. Ontem, a juíza Mara Silda Nunes de Almeida, da 8; Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT), acatou o pedido liminar do MPDFT impedindo que qualquer contrato seja assinado ou que qualquer pagamento seja feito pelo GDF no âmbito dos pregões eletrônicos que preveem a organização da festa. Caso descumpra a decisão, o governo local pode ser obrigado a pagar multa de R$ 100 mil para cada ato realizado contra a decisão judicial.

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A sentença da magistrada suspende os editais 22/2014, 23/2014 e 25/2014, referentes a pregões eletrônicos abertos pelo GDF para contratar empresa especializada no fornecimento de equipamentos e prestação de serviços para a festa da virada, como fogos de artifício, montagem de palcos, entre outros itens. Segundo o MPDFT e o TCDF, o atual quadro de dificuldades do GDF em quitar compromissos com fornecedores, pagar concessionárias do transporte público coletivo e dar conta das folhas salariais de dezembro nas áreas de educação e saúde é motivo suficiente para não se pensar em gastos extras para garantir a festa da virada. O valor inicial da licitação é de R$ 2,1 milhões.

[SAIBAMAIS] Segundo a Secretaria de Turismo, responsável pela organização do réveillon, a Prainha e a Esplanada dos Ministérios são os destinos mais tradicionais no fim de ano, atraindo cerca de 200 mil pessoas anualmente. Segundo a pasta, a contratação só ocorreria quando os recursos para esse fim estivessem totalmente disponíveis. ;Todo o processo corre dentro da formalidade natural e cumpre as determinações legais;, ressalta a secretaria, por meio de nota.

Na decisão, a magistrada registrou que a atual situação de caos nas contas do DF não é compatível com o gasto pretendido para festa de fim de ano. ;Ora, com o caos que se instalou na cidade, especialmente no que se refere à saúde, à educação, ao transporte público, à limpeza urbana, ao pagamento de salários de servidores públicos e terceirizados, além dos problemas decorrentes das fortes chuvas nos últimos dias, não há motivos para gastos tão elevados com festas em detrimento dos serviços básicos de que necessita a população do Distrito federal;, destacou a juíza.

Em novembro, a Secretaria de Cultura havia informado, em nota, que ;não poderia promover as festas de fim de ano e de mais eventos;. À época, o próprio governador contrariou a afirmação da pasta e assegurou a realização. O edital de licitação para a festa foi publicado na semana passada. As propostas seriam reveladas em 22 de dezembro. Mas, na segunda-feira, o TCDF decidiu que a disputa não poderia continuar, a não ser que o GDF detalhasse de onde sairia o dinheiro a fim de pagar o evento. A representação, com pedido cautelar, foi feita pelo Ministério Público de Contas (MPC), e a decisão de suspender a contratação é do conselheiro Paulo Tadeu, ex-secretário de Agnelo.

As alegações


MPDFT
Segundo o MP, não é razoável promover uma festa milionária na atual situação. Para o órgão, o valor a ser gasto com as comemorações pode colocar em risco a continuidade de serviços essenciais, como saúde, educação e transporte.

TCDF
Para o Ministério Público de Contas, não há condições de o GDF promover a festa da virada de ano diante do atual cenário de desequilíbrio nas contas públicas. Por isso, o MPC pediu a suspensão do pregão ;até o efetivo equilíbrio das contas do DF, visando à proteção do Erário e das obrigações contratuais assumidas pelo GDF, bem como a continuidade dos serviços públicos essenciais;.

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