postado em 24/12/2014 21:02
Cerca de 40 pessoas se reuniram para realizar o que chamam de Natal da Rodoviária, evento realizado por voluntários que ocorre há sete anos, na Rodoviária do Plano Piloto. Eles fazem a distribuição de ceia natalina - com direito a arroz, feijão, farofa, salada, chester e panetone-, e de presentes para as crianças que vivem na rua com os pais. Pelo menos 50kg de comida e 250 brinquedos foram entregues a quem estava no local, que também contou com música ao vivo e doação de agasalhos.
[SAIBAMAIS]Para servir o jantar, o mutirão voluntário monta mesas e coloca cadeiras de plástico na plataforma inferior da Rodoviária, tudo para fazer com que os moradores de rua tenham um dia especial, como o Natal. ;A ideia é fazer um dia digno para essas pessoas, acostumadas a não serem ignoradas pela população;, explica uma das colaboradoras da ação, Thaysa Gonçalves.
Antes das entregas, existe um trabalho de evangelização. ;Além de fornecermos os produtos e a comida, prestamos apoio psicológico a essas pessoas;, completa Thaysa. Foi necessário um ano para que tudo ficasse pronto. Os mantimentos vêm das doações que o grupo, composto por pessoas que trabalham em ONGs, consegue ao longo do tempo.
Matiel Santos, 29 anos, mora na rua há dois anos. Ele e o amigo, José Carlos Silva, 37, e há quatro sem teto, dizem que o Natal da Rodoviária é o melhor dia do ano. "Ganhamos comida, refrigerante e roupa. A rua é fria, meu parceiro. De vento, e de gente", diz.
Há uma década, Antônio Lima, 30, não vê os parentes nem ceia. Para ele, a interação é um sonho. "É maravilhoso", grita. "Nunca pensei que fosse ter direito a isso novamente. Minha família me jogou fora. Eles aqui me acolheram. Quero ter Deus do meu lado", afirma.
A motivação dos voluntários é a tentativa de amenizar o uso de drogas entre os moradores de rua. Segundo um dos participantes do evento, Felipe Bassul, ele próprio ex-sem teto e usuário de drogas, o amor ao próximo é o principal. "Eu amo as pessoas, cara. Vim daqui, de onde eles estão agora. Sei como é difícil. Quero amenizar a vida dessas pessoas", garante.
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Em vez de fumar um cachimbo de crack, Dimas Muniz, 55, comeu quatro pratos de comida. "Estou passando mal, mas é por uma coisa boa. Nunca comi tanta comida gostosa. Moro na rua há 40 anos. Nem lembro o gosto de comida nova", diz, lembrando que se alimenta com restos do lixo que encontra na cidade.
O projeto conta com o apoio de dezenas de entidades, entre as quais estão a Estação Arca Brasília, Church Bike e Menos de Mim.