Cidades

Greve de profissionais da saúde aprofunda crise em hospitais do DF

Além de enfrentar longas filas, brasilienses sofrem com atendimento precário ou ausência de profissionais de saúde. Procuradoria-Geral do DF ajuizou uma ação para pedir o fim da paralisação. Governo negocia mais uma vez com a categoria

Ailim Cabral, Luiz Calcagno
postado em 15/01/2015 06:09
No HRT, a professora Flávia Alves, ainda sem ter recebido salário, voltou com o filho para casa, mesmo depois de uma convulsão: sem neurologista

A paralisação dos profissionais de saúde, somada ao sucateamento da rede pública de saúde, ampliou o sofrimento dos brasilienses à procura de atendimento hospitalar. Mesmo quem passa pela triagem e chega até o médico, depois de longas horas de espera, pode voltar para casa sem o tratamento devido ou até sem o diagnóstico. Nas unidades de saúde da capital brasileira, faltam materiais para fazer exames, remédios, vacinas, além de profissionais para prestar atendimento. Ontem, o Correio percorreu cinco unidades em diferentes regiões e a palavra recorrente entre os usuários foi: desrespeito.

No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), os pacientes estavam revoltados. A professora Flávia Alves, 35 anos, se desesperou com a falta de informação. O filho dela, de 11 anos, tem problemas psiquiátricos e, ao meio-dia, sofreu uma convulsão. ;Ele chegou desmaiado e foi direto para a pediatria. Tomou soro e foi liberado. Segundo o médico, ele precisava ser atendido por um neurologista e no local não havia. Ele me mandou ir para outro hospital;, relatou. A maior reclamação da professora foi ter saído da unidade sem saber o que o filho tinha. ;Vou pagar um atendimento em um hospital particular. Não recebi nem meu salário ainda, mas não posso ver meu filho nessa situação;, completou.



A crise na saúde se agravou no fim de 2014, quando o governo começou a atrasar salários e benefícios. Em 9 de janeiro deste ano, auxiliares administrativos, técnicos de enfermagem e outros profissionais que, juntos, somam 104 categorias entraram em greve. Apesar de ter recebido o salário no sábado, os servidores representados pelo SindSaúde ainda não sabem quando 13;, horas extras e férias entrarão na conta. ;Nós decidimos parar as atividades até que o problema seja normalizado. O governo afirmou que não dará o calote, mas queremos uma proposta formal sobre a maneira que eles encontrarão para quitar as dívidas;, afirmou a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (Sindsaúde), Marli Rodrigues.

Reunião
Hoje, o governo apresentará uma proposta aos trabalhadores. Amanhã eles decidirão se mantêm as paralisações. A Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) ajuizou uma ação no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) para pedir o fim da greve. No documento, afirmou que a paralisação é ilegal por três motivos: ;a ausência de notificação prévia, a gravidade da suspensão do serviço público de saúde e o desrespeito à negociação que está em curso;, diz nota divulgada pela PGDF. No mesmo dia em que a greve foi judicializada, dentistas, médicos e enfermeiros decidiram apoiar o movimento do SindiSaúde. Por volta de 11h30, as categorias fecharam três vias do Eixo Monumental para protestar.

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