Cidades

Dupla presa por oferecer falsa revalidação de diplomas movimentou R$ 1,5 mi

Eles se apresentavam como integrantes da Associação Médica do Mercosul, entidade que não existe, e diziam ter convênio com o GDF

Isa Stacciarini
postado em 15/04/2015 15:21

A Polícia Civil prendeu dois homens suspeitos de oferecerem falsa revalidação de diploma médico para brasileiros que concluíram o curso superior na Bolívia. O processo é necessário para que o certificado estrangeiro tenha validade no Brasil. O advogado Jurandir Pinheiro de Medeiros Júnior, 37 anos, e o suposto estudante de medicina na Bolívia, Jorge Martins Júnior, 32, foram detidos por volta das 17h50 de terça-feira (14/4) em flagrante, no Park Shopping, no momento em que aplicavam mais um golpe. Com a dupla, estavam duas vítimas e uma terceira chegava do Mato Grosso.


Jefferson Ribeiro, delegado-chefe da Corf:

Os criminosos prometiam a revalidação do diploma a partir de curso a ser feito em Brasília. Apresentavam-se como membros da "Associação Médica do Mercosul" - entidade falsa - e diziam ter convênio com o Governo do Distrito Federal (GDF). Eles cobravam R$ 50 mil de cada vítima. Após o término, prometiam que haveria 300 vagas para contratação imediata na gestão pública do DF , com remuneração inicial entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. Para aderir ao "programa", os estudantes davam entrada de R$ 2 mil.

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As aulas, porém, nunca começavam. Eles alegavam que não havia gente suficiente para formar turmas. A polícia estima que a dupla tenha movimentado cerca de R$ 1,5 milhão nos últimos quatro a cinco meses. O delegado-chefe da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), Jeferson Lisboa, explicou que Jurandir ainda tinha uma falsa identidade boliviana com o nome de Juan Pablo Pinheiro de Medeiros Júnior. Além da dupla presa, a polícia diz ter identificado outros dois suspeitos: um mora no litoral paulista e outro em Goiânia. A Polícia Civil vai representar pela prisão de ambos.

Atuação

Segundo o delegado, as vítimas eram de diversas regiões do país, mas os mais afetados pela falsa revalidação eram moradores do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No momento da prisão os criminosos se apresentaram como médicos aos policiais. Ao revistá-los, agentes encontraram 27 certificados de conclusão de curso, US$ 1,5 mil e R$ 1,5 mil. A maioria das vítimas eram médicos cirurgiões.

"Em depoimento, as vítimas contaram que quem faz o curso no exterior tem conhecimento da necessidade da revalidação do diploma no Brasil para exercer a profissão. Por isso, muitos já guardam o dinheiro ao longo do curso para o processo, pois não é barato. O que motivou as vítimas a procurarem esses suspeitos foi a promessa de emprego imediato como médico do GDF com salários altos", explicou Lisboa.

Os envolvidos foram indiciados por estelionato, uso de documento falso e associação criminosa. Jurandir é natural de Caldas Novas e tem registro profissional da Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO). Por ser advogado, tem direito a ser transferido para a Sala de Estado Maior no 1; Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran). Já Jorge era natural de São Paulo, mas ambos moravam no Distrito Federal.

A Polícia Civil vai pedir à Justiça quebra de sigilo bancário dos criminosos e bloqueio de bens.

Como funciona de verdade
Por lei, as universidades públicas que oferecem o curso de medicina têm competência de validar qualquer diploma estrangeiro. Elas também podem aderir ao Revalida, que é um exame do Ministério da Educação (MEC). Para fazer a prova, é necessário um curso que custa entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.

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