Cidades

Clube das Luluzinhas: mães de Brasília trocam informações na internet

Além de ocuparem os espaços físicos da cidade, as turmas encontram-se no ambiente virtual

postado em 21/04/2015 08:01
Juliana Matos Melo e Marina Passebon são administradoras da comunidade virtual de mães se destacam a solidariedade do grupo
As regras do grupo Mães de Brasília são claras: ninguém sugere remédios, ameaças e intimidações ficam de fora, propagandas são proibidas e discussões políticas serão excluídas. Fora isso, pode tudo. Especialmente trocar dicas sobre qualquer coisa que aflige as mães de todas as idades e com proles em diferentes fases. Era o que Iza Garcia queria quando criou o grupo, em 2012. Hoje, a comunidade reúne 9.093 mães e as atuais administradoras, Marina Passebon e Juliana Matos Melo, precisam filtrar a quantidade de novos membros para não perderem o controle do grupo.

Iza criou o Mães de Brasília para divulgar o Roteiro baby, site de sugestão de programas e passeios com crianças na cidade. Ela acreditava que a interação entre as mães podia render bons frutos e estimulou as integrantes a trocarem informações. Iza deixou a administração do grupo, que ficou nas mãos de Marina e Juliana. E administrar, aqui, é bem importante. ;O grupo foi ficando um pouco polêmico, porque cada mãe tem um jeito de criar seu filho e necessidades específicas;, conta Juliana. Cogitou-se, na época, acabar com o grupo, mas a vontade de ver as trocas acontecerem foi maior. ;Iza me pediu que eu mediasse. Hoje, as relações são mais afetuosas. As polêmicas existem, mas as trocas são grandes e muito boas.;

As regras estão na página de apresentação do grupo e são fruto da experiência das administradoras. Uma vez, uma mãe pediu sugestão de medicamento e outra contribuiu. Uma criança acabou no hospital e as administradoras resolveram que receitar remédio era assunto proibido. As propagandas que inundavam os posts também viraram um problema. Muitas mães gostavam, outras não, mas o fato é que a quantidade acabava por abafar os posts de interação entre os membros. Foi feita uma votação e as integrantes decidiram pelo fim dos anúncios. Mas dar dicas de serviços e produtos pode e é iniciativa bem-vinda.

Já os homens ficam de fora. Juliana, mãe de quatro e fotógrafa, explica que há um sentido em não aceitar os papais. ;A gente os incentiva a criar o Pais de Brasília. É mesmo um grupo de luluzinhas. A gente não aceita perfis duplos, porque, às vezes, o pai entra e o assunto pode ser o próprio marido;, explica. Ela e Marina fazem checagens para saber se os novos integrantes são efetivamente mães. ;Essa triagem é justamente para não perder o foco. A intenção é que sejam feitas trocas e que a resposta seja imediata;, garante Juliana, que recebe, em média, 300 solicitações por dia.

Trocas virtuais

A solidariedade é uma das características que Marina observa entre as mães do grupo. Ela foi a última a entrar para o grupo de administradoras, a convite de Juliana, que percebeu a intensa participação em vários posts. ;Eu usufruía muito do grupo e queria contribuir de outra forma. Dá trabalho, mas é bom. O bacana é que você vê que não é só você que está passando por dificuldade. Quando engravidei, entrei para o grupo para obter informação e ajuda, porque, às vezes, a gente fica dividida;, diz Marina.

Ágatha Bernardo chegou em Brasília em 2010. Veio de São Paulo e não conhecia a cidade. Uma amiga sugeriu que entrasse para o Mães de Brasília. ;O grupo é bem heterogêneo, tem muita gente e serve muito para quando estamos em apuros;, garante a servidora pública, mãe de três. ;Eu recorri muito porque não conhecia as coisas de Brasília. E também recorri para coisas triviais do cotidiano.;

O grupo é dividido em temáticas. No espaço destinado às fotos, estão os posts dedicados a temas específicos. Receitas de comidas para fazer com crianças, indicações de escolas e creches, dicas para festas de aniversário e opções de programação infantil formam parte do cardápio disponível.

Para a advogada Rachel Ferreira de Miranda, que morava em São Paulo e veio para Brasília em outubro de 2014, a interação no grupo ajudou a encontrar um dentista para os filhos. ;Muitas pessoas respondem, e as mães estão disponíveis para compartilhar informação até de maneira espontânea;, garante. ;Desde a gravidez, sinto que nós, mães, precisamos interagir com gente que está vivendo a mesma coisa.;

A servidora pública Fran Aline concorda. ;Ajuda muito. No ano passado, fiz o aniversário da minha filha com os fornecedores que consegui no grupo. E os médicos indicados por lá foram uma grata surpresa;, conta.

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