Cidades

Estudo comprova que indígenas estão em desvantagem na renda e nos estudos

Os indígenas vivem, em sua maioria, em cidades do DF ou no Entorno - apenas 7,3% vivem em Brasília

postado em 22/04/2015 11:03
Embora não exista uma demarcação propriamente dita de terras indígenas no Distrito Federal, mais de seis mil pessoas se autodeclaram pertencentes ao grupo, o equivalente a 0,24% dessa população no Brasil. Considerada a área do entorno do DF, em Goiás, esse número chega a 7.790. O mapeamento inédito da população, feito pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), indica também a desvantagem em relação ao restante da população: eles têm menor renda e menor nível educacional, embora habitem o Planalto Central há pelo menos 8 mil anos.

Indígenas que vivem na capital têm menor renda e menor nível educacional que o restante da população do DF: desvantagem

Os indígenas vivem, em sua maioria, em cidades do DF ou no Entorno ; apenas 7,3% vivem em Brasília. A região onde foi constatado maior número de índios foi em Ceilândia, onde residem 13% do total de índios, seguida de Planaltina, 8,6% e Samambaia, 8,5%. Em relação à origem, 22% nasceram no DF. Os demais vieram principalmente da região Nordeste, 40,2%, e Norte, 17,3%.

O estudo, intitulado ;População indígena - Um primeiro olhar sobre o fenômeno do índio urbano na Área Metropolitana de Brasília;, mostra que mais da metade da população indígena, 55%, declarou receber, individualmente, mais de um a três salários mínimos mensais; 24,8% recebem até um salário mínimo. Apenas 4,7% desse grupo têm rendimento superior a cinco salários mínimos. Recebem mais de 10 salários mínimos mensais, 9,7% da população total, faixa em que não se encontra qualquer percentual de indígenas.



Estudo foi apresentado nesta quarta-feira 22/4), na Codeplan, e contou com a presença de Osvaldo Xukuru, chefe do Núcleo de Diversidade Cultural da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh); Álvaro Tukano, diretor do Memorial dos Povos Indígenas; Flávio Gonçalves, diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan; Vera Araújo, secretária adjunta de Igualdade Racial e Jamila Zgiet, gerente de Estudos e Análises Transversais

A população indígena é também proporcionalmente a maior beneficiária do Bolsa Família, programa de transferência de renda do Governo Federal, com 15,2% de sua população coberta, superando a negra, da qual 12,6% usufruem dos benefícios. De acordo com o estudo, a população negra é conhecida por raramente superar os indicadores da população autodeclarada branca ou amarela. "Esse dado demonstra que o povo indígena é o mais fragilizado na sociedade, considerando tratar-se de um programa de transferência direta de renda, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza", analisa o texto.

Analfabetismo
O estudo destaca a escolarização como um fator determinante da situação socioeconômica. Entre os indígenas do DF, a proporção de pessoas de 15 anos ou mais não alfabetizadas é superior ao de quaisquer outros grupos étnicos, ficando em 5,3%. A população negra soma 4,3% de analfabetos, enquanto a não negra tem a menor taxa, de 2,4%. Os índices estão, no entanto, abaixo dos nacionais: 6% entre não negros, 13,2% entre negros e 23,3% entre indígenas. "Não se pode ignorar, no entanto, o fato de que grande parte da população indígena brasileira reside em terras indígenas, algumas isoladas, e com tradições educacionais próprias, nem sempre havendo alfabetização em português, nos critérios urbanos e da população não indígena", explica o estudo.

Em relação à manutenção da língua, no DF, 3,1% dos indígenas com mais de 5 anos falam língua indígena no domicílio. O índice é inferior ao nacional: em todo o país, os indígenas residentes fora de terra demarcada utilizam menos a língua de seu povo, mesmo assim esse índice chega a 12,7%. Nos territórios reconhecidos pela União 63,7% falam a língua materna na residência.

Com informações de Mariana Laboissiere

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