Cidades

Após 4 anos, suspeitos de acidente que matou nove no Lago continuam soltos

Naufrágio no Lago Paranoá, em 22 de maio de 2011, matou nove pessoas. Os donos e o piloto da embarcação, que estava superlotada e tinha furos nos flutuadores, foram indiciados por homicídio culposo, mas respondem em liberdade até hoje

postado em 23/05/2015 08:03

O aposentado Vadelmir José de Oliveira, 62 anos, acordou cedo, ontem, e levou com ele somente orações. Eram 6h30 e ele estava diante do túmulo do filho Hadmilton José de Oliveira, morto aos 31 anos. No Cemitério de Taguatinga, as lágrimas eram de saudade, mas também de revolta. O rapaz é uma das nove vítimas do acidente com o Imagination, ocorrido em 22 de maio de 2011. Passaram-se quatro anos desde que Valdemir José recebeu a notícia sobre um barco superlotado, com cerca de 122 pessoas, que havia naufragado no Lago Paranoá. Os donos da embarcação e o condutor chegaram a ser indiciados por homicídio culposo, mas, até hoje, quatro anos depois da tragédia, respondem em liberdade.

Com capacidade para 92 pessoas, o Imagination tinha 30 passageiros a mais. Os flutuadores que sustentavam o barco tinham furos e corrosões, o que evidenciou a falta de manutenção. Por isso, o Ministério Público decidiu denunciar os donos da embarcação, Marlon José de Almeida e a mulher dele, Flávia Carolina Paula Cunha; e o piloto do Imagination, Airton Carvalho da Silva Maciel. O juiz sentenciou os três a 2 anos e 6 meses de detenção, mas eles ainda recorrem da decisão. O último pedido da defesa é de 20 de abril de 2015, quando entrou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O Imagination deixou o píer do clube Ícone Park no fim da tarde de 22 de maio de 2011. Pouco mais de uma hora após o início da comemoração de funcionários de um bufê, a embarcação começou a naufragar no Lago Paranoá. O acidente deixou nove mortos. O garçom Hadmilton José de Oliveira morreu ao tentar salvar uma jovem. ;Demoraram quatro dias para encontrar o corpo dele. A gente não se recupera, é uma dor que não acaba. Hoje, o filho dele tem 12 anos. Na verdade, os únicos julgados nesse caso foram os que morreram. A sensação de impunidade é grande;, afirma Vadelmir José. Na tarde de ontem, foi celebrada uma missa para Hadmilton na Paróquia São José Operário, no Recanto das Emas.

Agnaldo Dias da Silva, 46 anos, é cunhado de Flávia Daniela Pereira Dornel, outra vítima da tragédia, com 22 anos à época. Para ele, o Imagination caiu no esquecimento. ;A história ficou por isso mesmo. Quem morreu, morreu e foi esquecido. Ninguém foi punido e nenhuma autoridade entrou em contato com a gente para dar satisfações;, acredita. Agnaldo lembra que a esposa leva a vida com saudades da irmã. ;Ela tenta esquecer o que aconteceu. Gostaríamos que houvesse uma punição severa, mas, pelo visto, isso não vai acontecer;, lamenta.

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