Cidades

Risco de racionamento de água no DF está descartado para este ano

As chuvas recentes fizeram com que os principais reservatórios atingissem a capacidade máxima. Caesb, porém, opera no limite

Flávia Maia
postado em 27/05/2015 09:43
Os principais reservatórios que abastecem 87% da capital estão com a capacidade máxima. A Barragem do Descoberto verteu, e quem passa pela BR-070, no sentido Águas Lindas (GO), pode ver a água transbordando. O sistema Santa Maria e Torto também está em sua maior cota. Segundo a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), as chuvas registradas entre fevereiro e abril foram suficientes para encher os reservatórios e afastar o risco de escassez de água durante o período de estiagem, que vai de maio a setembro.

Depois de ficar 2,4 metros abaixo do normal, a Barragem do Descoberto verteu pela primeira vez este ano

O veranico de janeiro de 2015 atrasou o regime de chuvas no Distrito Federal, o que causou preocupação na população, nos especialistas e no governo. Com isso, o DF começou 2015 com os principais reservatórios em baixa. Nos primeiros meses do ano, a Barragem do Descoberto, responsável pelo abastecimento de 60% da população da capital, estava 2,4 metros abaixo do normal para o período. O outro importante sistema, Santa Maria e Torto, chegou a ficar com defasagem de 1,7 metro.

Segundo o gerente de planejamento e controle operacional da Caesb, Ulisses Pereira, nesse último período de estiagem, o reservatório do Descoberto chegou a 55% de sua capacidade. Em 2010, quando ficou com o menor índice registrado desde a sua criação, em 1974, contava com 50% da totalidade. ;Se a gente for analisar, o DF não passou por um período crítico, como em outras regiões brasileiras. A questão foi que em dezembro de 2014 choveu menos que o esperado e, em janeiro de 2015, choveu pouco. Assim, enquanto a barragem devia estar enchendo, ela estava baixando, o que gerou preocupação;, analisa Pereira.



[SAIBAMAIS]O professor da Universidade de Brasília e especialista em recursos hídricos Sérgio Koide afirma que as chuvas do início do ano possibilitaram um conforto hídrico para o Distrito Federal ; uma vantagem da capital em relação a outros sistemas que não conseguiram se recuperar, como o de Cantareira, em São Paulo, que continua no volume morto. Porém, Koide alerta que o ciclo dos reservatórios locais é anual. Por isso, a água está garantida até o próximo regime chuvoso. ;Se não tivesse chovido, teríamos problemas com o abastecimento, até porque a Caesb tem trabalhado no limite;, explica.

Atenção
A Caesb está no limite de operação entre a capacidade de produção e a demanda diária. Enquanto a oferta média está em 9,5m;/s por dia, a demanda máxima é de 9m;/s. Com um sistema pressionado, sem margem de segurança, qualquer aumento de consumo pode ocasionar um colapso no abastecimento. Por isso, a companhia resolveu investir em outros sistemas de captação ; um em Corumbá; outro no Lago Paranoá; e um terceiro, menor, no Rio Bananal. Hoje, a capacidade do Descoberto é de 5,2 mil litros por segundo e a Caesb usa 4,8 mil litros por segundo. ;Se a Caesb aumentasse a captação no Descoberto, ela estaria captando mais do que a capacidade da barragem de se recarregar, causando estresse hídrico. Por isso, optamos pela construção de outros sistemas;, avalia Ulisses Pereira, da Caesb.

Além dos sistemas do Descoberto e o do Torto e Santa Maria, há locais de captação menor. Os sistemas de Planaltina e Sobradinho, por exemplo, são abastecidos pelo Rio Pipiripau; Brazlândia tem duas captações nos córregos Barrocão e Capão da Onça e um sistema de poços no Incra 8; e São Sebastião é abastecido exclusivamente por poços. ;Esses locais de pequenas captações são mais suscetíveis aos períodos de estiagem. No auge da seca, a Caesb tem problemas nessas áreas porque a disponibilidade hídrica cai muito;, explica Pereira.

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