Cidades

No Hospital Regional de Ceilândia, faltam até seringas para atendimentos

Além da longa espera para atendimento, quem procura a unidade de saúde de Ceilândia sofre com a precariedade da estrutura. Não há material de especialidades e alguns equipamentos estão quebrados. Em visita ao local, o Sindicato dos Médicos criticou a situação

Otávio Augusto
postado em 18/08/2015 06:04 / atualizado em 19/10/2020 12:00


Marinalva Araújo Rocha, auxiliar administrativa (com o marido, Wellington Carvalho)" />

 

Prestes a completar 34 anos de funcionamento, o Hospital Regional de Ceilândia (HRC) passa por dificuldades agravadas pela crise na rede pública. Em vez de comemorações, os pacientes reclamam da falta de estrutura. Ontem, não havia médicos, insumos ortopédicos, seringas, reagentes para diagnosticar infarto do miocárdio, e o eletrocardiograma estava estragado. Na emergência, havia pacientes aguardando atendimento por mais de 8 horas. O sistema de prontuário eletrônico passou boa parte do dia sem funcionar.

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O Sindicato dos Médicos (SindMédico-DF) visitou o local e classificou a situação como “caótica”. A inspeção durou mais de três horas. Diretores da entidade percorreram várias alas e constataram as irregularidades. “Esse é o reflexo da falta de gestão. Nenhuma medida surtiu efeito até hoje. As pessoas procuram atendimento e não conseguem. Muitas das estruturas não deveriam funcionar, pois não têm condições”, criticou Gutemberg Fialho, presidente do SindMédico. Durante todo o dia, apenas três ortopedistas atenderam no HRC. Além disso, faltam insumos para a especialidade. “As pessoas chegam ao centro de traumas para se tratarem e está faltando tudo. Assim, é melhor interditar o local”, defendeu Gutemberg.

O desabastecimento da rede foi notificado pelo Ministério da Saúde, no Relatório do Termo de Cooperação firmado entre as duas esferas do governo. Mesmo com o alerta, a situação não mudou. Durante o fim de semana, faltaram seringas do tipo 20x5,5 em toda a rede. O modelo é utilizado para aplicação de insulina e de tuberculina e para vacinação. Uma funcionária que pediu para não ser identificada disse que, para não suspender o atendimento, um modelo similar foi utilizado. “É um pouco maior, dificulta a aplicação do medicamento, mas, para as pessoas serem atendidas, essa foi a solução”, contou.

Mesmo após a triagem de classificação de risco, o atendimento é incerto. A auxiliar administrativa Marinalva Araújo Rocha, 35 anos, passou por três unidades médicas até chegar, às 11h de ontem, ao HRC. Com febre, dores no corpo e náuseas, a mulher aguardou ser chamada até as 19h. “É uma calamidade o que acontece nos hospitais. Muitas vezes, a gente pensa em ficar em casa. Enfrentar essas situações é desumano. Só quem passa sabe como é”, reclamou a moradora de Taguatinga, acompanhada do marido, Wellington Carvalho.

Daniel Sena, 47, é diretor de uma ONG e, com frequência, leva pacientes ao local. Ele reclama da falta de estrutura da rede. “O secretário (de Saúde) deveria despachar um dia em cada hospital para conhecer a realidade. Ficar no ar-condicionado só ouvindo falar o que o povo passa é muito fácil. Aqui, não tem nada que funcione direito”, queixou-se o morador da Colônia Agrícola Samambaia.

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