Cidades

PF faz operação contra grupo de extermínio formado por PMs do Entorno do DF

Em investigação sobre execuções efetuadas por policiais militares, federais cumprem mandados em Formosa (GO). Homem apontado como informante do esquadrão da morte está preso

Renato Alves
postado em 19/08/2015 13:37
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira (19/8), uma operação contra um grupo de extermínio formado por policiais militares que agiam no Entorno do Distrito Federal. Os investigados, pertencentes à PM goiana, são acusados de executar, sob encomenda de fazendeiros, homens suspeitos de roubar gado na região.

O foco da investigação são praças e oficiais que trabalhavam em Formosa, cidade goiana distante 70km de Brasília. Crimes atribuídos ao bando foram tema de uma série de reportagens publicada pelo Correio Braziliense desde 2009. Após investigações da Polícia Civil de Goiás em nada resultarem, em alguns casos foram federalizados e passaram para a competência da Polícia Federal.

Na manhã desta quarta-feira, policiais federais cumprimaram um mandado de prisão e mandados de busca e apreensão em Formosa. Eles prenderam um homem apontado como informante do grupo encabeçado por PMs. Ele ainda mantinha em casa pássaros silvestres sem autorização legal. As informações são de uma fonte da PF. A corporação ainda não se manifestou oficialmente.

[SAIBAMAIS]

A investigação ainda está em andamento. Apesar dessa e de outras apurações, os PMs suspeitos nunca sofreram sanção por parte da corporação. A maioria, aliás, recebeu promoção, ganhando patente e salário mais alto.

Vítima confundida

Essa não é a primeira operação da PF contra grupos de extermínio formados PMs goianos acusados de matança nos municípios do Entorno e em outras cidades de Goiás. Em 17 de julho, a PF desencadeou uma operação em que prendeu um PM. Federais ainda cumpriram cinco mandados de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva (em que a pessoa é lavada para depor e depois liberada).

Os mandados foram cumpridos em cidades da Região Metropolitana de Goiânia. Os crimes investigados ocorreram em junho de 2010. Na ocasião, a vítima fora equivocadamente identificada como sendo responsável por um estupro ocorrido em 21 de junho de 2010, em Trindade (GO).

Crimes federalizados

O crime foi federalizado em 2012, em razão de julgamento de incidente de deslocamento de competência, ficando a vítima sob a proteção do Governo Federal.

Impunes na esfera estadual, crimes atribuídos a PMs goianos que atuam ou trabalharam no Entorno foram federalizados em dezembro de 2012. A decisão partiu do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Por unanimidade, ministros da Corte acataram parcialmente o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e transferiram quatro processos da Justiça estadual para a Justiça Federal.

Parte dos crimes federalizados dizem respeito à mortes em série ocorridas em Goiânia e denunciadas pelo Correio desde 2009, por terem características de ação de um grupo de extermínio. Todas as vítimas eram moradoras de rua e teriam sido executadas por policiais militares goianos em uma espécie de limpeza, em troca de propinas de comerciantes.


Sexto Mandamento
Operação Sexto Mandamento

Os casos estão entre os 50 apurados pela Polícia Federal e que culminaram na Operação Sexto Mandamento, em fevereiro de 2011, com a prisão de 19 PMs de Goiás. Entre esses crimes, muitos aconteceram em cidades vizinhas de Brasília, após uma equipe da PM ser transferida de Goiânia ; onde promoveram uma matança em série ; para o Entorno.

A PGR queria que oito casos parados na Justiça goiana fossem repassados para a Justiça Federal, com acompanhamento do MPF e diligências da PF. Com a decisão do STJ, quatro vítimas tiveram os casos federalizados, o restante das ações foi mantida na Justiça de Goiás, mas com recomendação de prioridade.



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