Cidades

Escravos sexuais eram obrigados a trabalhar 17 horas por dia no DF

Nesta sexta-feira (28/8), a polícia prendeu uma quadrilha que traficava pessoas e as obrigava a entrar na prostituição

postado em 29/08/2015 08:06
Após um mês e meio de investigação, a polícia prendeu, ontem, em caráter preventivo, quatro integrantes de uma quadrilha que traficava pessoas de outras unidades da Federação e as obrigava a se prostituir no Distrito Federal. Homens e mulheres com idades entre 18 e 25 anos eram atraídos pela promessa de bons empregos e melhores condições de vida. Mas, ao chegarem à capital federal, deparavam-se com uma realidade bem diferente: trabalhavam cerca de 17h, diariamente, sem intervalo, não ganhavam nada com os programas e viviam trancados. O Correio não teve acesso aos criminosos.

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[SAIBAMAIS]Segundo o delegado-chefe da 21; Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), Alexandre Dias Nogueira, os envolvidos devem responder por rufianismo (ato de tirar proveito da prostituição alheia), tráfico de drogas e associação criminosa. ;Eles ofereciam empregos como secretária, babá e coletor de material reciclável. Logo depois, as vítimas eram colocadas em cárcere. Os criminosos obrigavam os jovens a usar drogas, para criar uma dependência, e as ameaçavam de morte;, esclareceu. Três garotas e um rapaz foram libertados.

Durante a apuração, oito mandados de busca foram expedidos e sete vítimas, resgatadas de cativeiros. Os bandidos agiam na cidade desde 2012. Segundo a polícia, Márcio de Melo Miranda, 27 anos, casado com Helena de Freitas Carvalho, 31, comandavam o grupo. Muitas vítimas eram trancafiadas em quartos estreitos, no último andar da casa da mãe de Márcio, Maria Facundo, 77, que informou à reportagem desconhecer a situação ; o imóvel na Colônia Agrícola Arniqueiras.

A idosa, que alugava quartos com frequência, nunca houve desconfiança. ;Eu recebia dinheiro das mãos de mulheres, mas tudo aqui era informal, tanto que algumas delas foram embora de repente, deixando, inclusive, seus pertences;, disse. Maria afirmou não saber da prisão do filho e da nora, embora tenha recebido os policiais quando duas vítimas foram resgatadas dentro da residência da família. Durante a operação de ontem, três mulheres e um homem foram liberados após a verificação de seis supostos cativeiros.

Proteção
A Polícia Civil não informou a origem dos jovens explorados nem o total de vítimas submetidas à violência sexual. Mas o Correio apurou que elas era aliciadas na Região Nordeste, principalmente na Bahia. A reportagem levantou também que cada programa saía por até R$ 100. A maioria delas mantinha ponto nos arredores de uma fábrica de refrigerantes, em Taguatinga Sul. Antes da operação, três pessoas conseguiram fugir do cárcere. Elas estão sob a proteção do Ministério da Justiça. Acusados de serem olheiros e aliciadores, Daniel Macêdo Magalhães, 27 anos, e Luis Carlos da Silva Januário, 34, também foram detidos e serão colocados à disposição da Justiça.

Ceilândia
Em 19 de junho, a 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia) deflagrou a Operação Luz Vermelha, para coibir casas de prostituição, tráfico de drogas e outros crimes na área central da cidade. Sete bares foram autuados após a comprovação de que os proprietários mantinham espaços para exploração sexual. Segundo a Polícia Civil, filmagens foram feitas nos locais em datas diferentes para evidenciar a frequência da prática. Dez adultos acabaram presos e um adolescente, detido. Em um dos estabelecimentos, havia câmeras que filmavam o local onde acontecia as relações sexuais com as prostitutas.

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