Cidades

Justiça nega habeas-corpus de policial civil que atirou em ex-namorado

Crime aconteceu em 27 de julho. Defesa argumenta que ela tem problemas de saúde, mas desembargador entendeu que ela pode receber os cuidados na prisão

Isa Stacciarini
postado em 02/09/2015 20:01
A Justiça negou o pedido de habeas corpus da defesa da policial civil aposentada, Paula de Carvalho Baptista, que atirou três vezes contra o ex-namorado, o diretor social do Minas Tênis Clube, Carlos Augusto Conforte, 56 anos. No pedido de liberdade provisória, o advogado da mulher alegou falta de fundamentos para a prisão dela, disse que o caso é ;um fato isolado;, em razão dela ser agente de segurança pública, e afirmou que Paula tem aneurisma na artéria carótida com solicitação de cirurgia. Apesar da tentativa, o desembargador Cesar Laboissiere Loyola indeferiu o pedido de liminar. Segundo ele, ;a conduta descrita nos autos é concretamente grave; e entendeu que, embora haja relatório médico, ;ainda não se pode afirmar, neste momento, que a paciente não poderá ter o tratamento adequado na prisão;.

Paula continua presa na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE). A família da vítima denuncia que ela já deveria ter sido transferida para o Presídio Feminino do Distrito Federal, conhecido popularmente como Colméia. Além disso, segundo a cunhada de Carlos Augusto, Mara Jane Cândido de Oliveira, 45 anos, Paula recebe regalias no complexo, como visitas fora de hora e encomendas de fast-food. ;Apesar dela ter direito a uma cela especial, deveria estar na Colméia e não na carceragem do DPE. A maioria das presas descem (para o presídio) depois de dois ou três dias, mas ela está na carceragem da polícia (no DPE) desde quando foi presa em flagrante;, explicou.

O Correio procurou a Polícia Civil, mas ainda não obteve resposta sobre o caso.

Carlos Augusto está internado há 40 dias em um hospital particular da Asa Sul. Na terça-feira (1;/9) ele passou pela quarta cirurgia. Segundo Mara, as três balas continuam alojadas no corpo do paciente: uma na medula, outra na boca e a última no abdômen, próximo ao quadril. O caso dele é tratado como gravíssimo. ;Na última cirurgia optaram por abrir novamente a barriga dele, mas não deu para fechar. A equipe médica colocou uma tela. O Guto tem um quadro de infecção generalizada, problema de intestino e todos os níveis aumentaram. Apesar disso, ele está desentubado e falando ;, contou.

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Segundo a servidora pública aposentada, Carlos Augusto se relacionou por três meses com Paula. Há mais de 15 dias, quando investigadores da 9; Delegacia de Polícia (Lago Norte) interrogaram a vítima no hospital, ele contou que a ex-namorada o ameaçava. ;Ela instalou uma escuta ambiental no apartamento que ele ficava. O Guto era casado com a minha irmã há 20 anos. Depois de se separarem, ele conheceu a Paula e manteve um relacionamento de três meses. Minha irmã e ele começaram a se acertar e a retomar o casamento, mas a mulher não aceitou;, disse.

O paciente passou por outras duas cirurgias: uma no domingo (30/8) e outra na quinta-feira (27/8). Para a família, o crime foi premeditado. ;A pessoa deu um tiro nas costas dele e quando já estava no chão deu outros dois. Ela é policial civil aposentada e, por isso, teve que comprar uma arma. Nada se justifica, mas a ocorrência mostra que o crime não foi algo de momento. Ela premeditou, o ameaçou, fugiu do local e sabia o que estava fazendo, porque é instrutora de tiro;, destacou.

Mara revelou que o cunhado tem lutado a favor da vida. ;Ele é muito forte. Por tudo que já passou, se fosse outra pessoa, não sei se suportaria tanto. O Guto sempre fez atividade física e se alimentou muito bem;, relatou.

Relembre o caso

O crime aconteceu em 27 de julho e teria sido motivado por ciúmes. A suspeita não aceitava o fim do relacionamento. Carlos Augusto foi atingido por três disparos, por volta das 22h, nas proximidades da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima na 108 Sul. Policiais prenderam Paula em flagrante na entrada do Lago Norte após ela fugir do local do crime. A policial vai responder por tentativa de homicídio qualificado, pena que pode chegar a 20 anos de reclusão.

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