Cidades

Sem aumento salarial, técnicos administrativos estão há 100 dias em greve

Com a paralisação quase completa dos funcionários, vários serviços da universidade estão sem funcionar. Ontem, grevistas fizeram protesto no Câmpus Darcy Ribeiro

postado em 04/09/2015 06:02

Cerca de 50 manifestantes queimaram pneus e fecharam o acesso à universidade ontem pela manhã: sem perspectiva de resolver impasse

A greve dos técnicos administrativos da Universidade de Brasília (UnB) chegou, ontem, ao 100; dia. Dos 3 mil profissionais que trabalham na instituição, 2,5 mil estão de braços cruzados desde maio. As principais exigências da categoria são reajuste salarial de 27% e revisão dos benefícios. Carregando faixas, cerca de 50 funcionários da categoria participaram de protesto na manhã de ontem, no Câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, próximo ao prédio da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec). Eles atearam fogo a pneus e impediram o trânsito, por alguns minutos, em uma das vias no local. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros precisaram ser acionados. Alunos e professores reclamam de atrasos e problemas nos serviços da UnB.

Segundo o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação UnB (Sintfub), Mauro Mendes, a pauta de reivindicações foi elaborada em maio, depois de analisar a defasagem salarial dos últimos três anos, quando ocorreu o último reajuste. Ele explica que a proposta mais recento do governo previa uma revisão de 21,3%, dividida em quatro anos ; 5,5% em 2016; 5% em 2017; 4,6% em 2018; e 4% em 2019. ;Não houve acordo. Entendemos que o país passa por dificuldades e estamos abertos a aceitar o índice sugerido, mas em menos anos. Também queremos que a questão dos benefícios seja discutida;, afirma. A categoria pede, ainda, a fixação de 30 horas de trabalho semanais. Ao todo, 63 universidades espalhadas pelo Brasil também estão em greve.
Atualmente, os técnicos administrativos recebem entre R$ 1,2 e R$ 1,8 mil por mês. O vale-alimentação é de R$ 373. ;Outros servidores da UnB entram aqui com salários de R$ 3 mil. Não é justo que os técnicos sejam tão desvalorizados;, diz Mendes. O coordenador da Federação do Sindicato dos Trabalhadores nas Universidades Brasileiras (Fasubra), Rogério Marzola, também enfatizou a importância do movimento. ;Precisamos aumentar nosso salário para termos, pelo menos, o poder de compra que tínhamos em 2010.; Ele também se queixou dos cortes frequentes de pessoal. ;Toda hora, você fica sabendo de demissões em massa. Não podemos deixar os técnicos serem extintos nem desvalorizados;, completa.

Negociações

Na última reunião entre líderes da paralisação e instituições federais, na quinta-feira da semana passada, o governo se comprometeu a encaminhar uma contraproposta até hoje. O coordenador do Sintfub, Mauro Mendes, informou que a próxima assembleia dos técnicos está marcada para a quarta-feira, quando serão deliberados os próximos passos do movimento. Ele destacou as dificuldades vivenciadas pelos trabalhadores da categoria no dia a dia, que motivaram a greve. ;Atualmente, a UnB tem cerca de 38 mil alunos e 3,5 mil técnicos. Há 10 anos, era o mesmo número de servidores, mas havia apenas 15 mil estudantes. Desde então, houve vários concursos, mas como o salário é baixo, os funcionários acabam indo embora;, comenta.


Em nota, o Ministério da Educação informou que as negociações ocorrem desde julho do ano passado, quando foi realizada o primeiro encontro com a Fasubra. De fevereiro de 2014 a agosto de 2015, representantes do ministério se reuniram com a entidade 23 vezes para tratar da agenda de reivindicações. A última reunião foi em 21 de agosto último, para dialogar sobre jornada de trabalho. O MEC também recebeu o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) em quatro ocasiões de 2015, de março a julho, além de ter dialogado com a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) em oito reuniões no mesmo ano, de janeiro a julho. Novas reuniões estariam agendadas para os próximos dias.

Serviços parados
Com a greve dos servidores técnicos administrativos, Yan Covolan, 23 anos, perdeu um bom espaço para estudo. Aluno do 10; semestre de agronomia, ele costuma fazer trabalhos e leituras na Biblioteca Central da UnB (BCE). Segundo ele, até o fim do semestre passado, era possível retirar livros por uma janela, mesmo com a paralisação. ;Vim hoje para saber se ainda havia essa possibilidade, mas parece que não tem mais;, lamenta. Ainda que as aulas não tenham sido interrompidas, o funcionamento da instituição é prejudicado. ;A universidade fica mais lenta. Há serviços e processos burocráticos que não avançam por falta de servidores;, diz.

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