Cidades

Negociação não caminha e proprietários do hotel St Peter temem prejuízos

Manifestantes pedem doação de terreno em Ceilândia, mas governo estuda transferência das famílias para garagem da Viplan

postado em 20/09/2015 11:16

Família na sacada do Hotel St Peter no Setor Hoteleiro Sul. Manifestantes do Movimento Resistência Popular ocupam sete andares do prédio desde segunda-feira (14)

O clima entre as famílias que ocupam o Hotel St Peter e os proprietários está tenso. De um lado, advogados do grupo acusam as 450 famílias do Movimento Resistência Popular pelo Direito à Cidade (MRP) de depredação e furto do hotel, do outro, manifestantes rebatem as acusações e afirmam que ficar no hotel não é a melhor solução para as famílias. Diante do impasse, o GDF estuda transferir as famílias para a garagem da Viplan, em Ceilândia. (Leia mais no Blog CB Poder)

O MRP pede a doação de um terreno em Ceilândia, mas o governo não pretende fechar acordos enquanto o grupo não se cadastrar na Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab). O grupo prometeu fazer a inscrição no programa na próxima segunda-feira e não vai haver desocupação forçada. MRP e GDF se reuniram na tarde de ontem para negociar a desocupação.

Para um dos coordenadores do MRP, Francinaldo Silva, morar no hotel de luxo não é a situação ideal para as famílias. "Não estamos à vontade. Só estaremos tranquilos quando estivermos na nossa própria casa. Mas hoje estamos menos preocupados depois da sinalização do governo de tentar resolver a nossa questão", afirma.



De acordo com Sérgio Roncador, advogado dos proprietários do hotel, os clientes esperam que a decisão judicial de reintegração de posse seja cumprida rapidamente. "Não temos muito a fazer a não ser pressionar para que isso seja realizado logo e da melhor maneira possível", afirma. A grande preocupação é com o prejuízo. ;Hoje não temos condições de calcular a dimensão do prejuízo. Só depois da desocupação é que vamos visitar o hotel e registrar o que está faltando, como lençóis, computadores e bebidas.;

Uma razão que dificulta o cálculo do prejuízo é a perda do valor de imagem do hotel. ;É um grande empreendimento que está sendo afetado. O hotel estava alcançando a categoria quatro estrelas, com convênios com empresas aéreas, era um dos mais procurados da cidade. Tudo isso vai precisar ser avaliado", explica Rocandor.

O advogado informou ainda que recebeu denúncias de depredação e furto. ;Vários furtos estão sendo realizados. Foram vistas garrafas de bebidas usadas e jogadas fora e ontem algumas pessoas furtaram material de construção do hotel. Já deixou de ser um movimento social e passou a ser um bando de vândalos dilapidando o patrimônio;, afirma.

Em resposta, um dos líderes do MRP, Francinaldo Silva, alega que as declarações do advogado têm o intuito de desestabilizar a ação dos ocupantes. "Somos famílias de trabalhadores e não de ladrões. Essas são alegações criminosas para enfraquecer o movimento", afirma. De acordo com Francinaldo, as famílias não têm nenhum interesse em se apropriar do mobiliário do hotel. "Não precisamos dos objetos, precisamos de um lugar para morar. Quem quiser, pode nos revistar em cada saída, abrir nossas bolsas e mochilas para confirmar que não estamos levando nada."

Francinaldo relembrou que o hotel St Peter não funcionava desde março, quando sofreu ordem de despejo. "Quando chegamos, esse prédio se encontrava aberto. Vimos vários objetos que demonstram que outras pessoas passaram por aqui, como marmitex e garrafas de pinga. Aqui pode entrar todo e qualquer tipo de pessoa. Não podemos ser acusados pela falta de segurança." O MRP ocupa o hotel St Peter desde a segunda-feira (14).

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