Cidades

Correio percorre áreas rurais e mostra as dificuldades dos moradores

Os moradores das áreas rurais dividem-se entre aqueles com acesso a postos que possuem estrutura e outros cuja única solução é procurar um carro para levá-los até a cidade. Cinco casos demonstram que a atenção pública é essencial para a vida dessas pessoas

Breno Fortes
postado em 04/10/2015 08:05
As portas ficam abertas na esperança de receber uma visita. Por trás das paredes, diferentes histórias se escondem à espera de alguém chegue para desvendá-las. Relatos como o da aposentada Odília Pereira de Souza, 76 anos, que perdeu o marido para um câncer de próstata e agora vive na luta contra as consequências de um acidente vascular cerebral (AVC). Homens e mulheres que vivem longe das facilidades da vida urbana, mas querem ser vistos da mesma forma e ter acesso aos mesmos direitos, começando pela saúde.

[SAIBAMAIS]São hipertensos, diabéticos, gestantes e tantos outros diagnósticos. Dores musculares e intoxicação resultantes do trabalho pesado nas fazendas e granjas da região. A população da área rural do DF vive a muitos quilômetros de um cuidado médico ; seja um posto de saúde, seja um hospital. Por pequena que seja a viagem, ela desgasta pela estrada de terra ou pelo transtorno em conseguir um meio de transporte. Por mais que existam paradas de ônibus, os coletivos não são comuns por ali ; passam em horários fixos, duas ou três vezes pela manhã, duas vezes ao meio-dia e uma ao entardecer.

Na tentativa de driblar essas dificuldades de atender a população, alguns profissionais vão além. O cuidado e a atenção deles com os pacientes são reconhecidos. Mesmo com as limitações de infraestrutura, são equipes que respondem à proposta do atendimento básico de saúde da família.

Os moradores das áreas rurais dividem-se entre aqueles com acesso a postos que possuem estrutura e outros cuja única solução é procurar um carro para levá-los até a cidade. Cinco casos demonstram que a atenção pública é essencial para a vida dessas pessoas
Nas paredes de cimento da casa da aposentada estão guardadas memórias da família. Pedaços dos 76 anos de uma vida dedicada à residência. Em 1974, Odília, o marido e os filhos foram morar no Núcleo Rural Cerâmica Reunidas Dom Bosco ; onde os homens trabalhariam na produção de cerâmicas. Anos depois, o dono do negócio sumiu e ;largou todo mundo na mão;, como define a aposentada. Na região, moram mais de 20 famílias. A comunidade não tem posto de saúde. O mais próximo é o do Núcleo Rural do Pipiripau ; um pouco mais de 11km de distância, entre asfalto e estrada de terra. Há alguns anos, Odília sofreu um AVC e, desde então, toma um medicamento controlado não fornecido pelo governo. A família tem que desembolsar cerca de R$ 92 para comprar quatro caixas que duram quatro meses. Odília vive com a aposentadoria do governo e com a pensão do marido ; que morreu em decorrência de um câncer de próstata. Uma vez por mês, a aposentada tem que se deslocar até Sobradinho ; 30km de distância ; para se consultar com um médico no Hospital Regional da cidade. Além disso, a mulher sofre de pressão alta, cujo remédio está em falta no posto do Pipiripau, e nunca recebeu uma visita da equipe da saúde da família. ;Quando minha mãe sofreu um derrame, foi uma correria. Ligamos para a ambulância de Formosa (GO) e eles disseram que a área é do DF; o atendimento do DF afirmou que o município goiano estava mais perto. Dá uma raiva. Eles fazem pouco caso com o ser humano;, desabafa a filha de Odília, Maria Elizena Balbino de Souza, 52 anos.

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