Cidades

Casos de dengue avançam na rede privada de Saúde do Distrito Federal

Para infectologista, os gargalos encontrados na área pública têm levado os pacientes a buscar alternativas de diagnóstico

Otávio Augusto
postado em 11/02/2016 06:05

Os vigilantes epidemiológicos não conseguem vistoriar 18% das casas do DF: índice aceitável pelo Ministério de Saúde é de 10%

Cerca de 15% das informações do Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde, documento que mapeia os casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, são provenientes da rede particular. Isso significa que, a cada 1 mil confirmações de dengue, 150 vêm de laboratórios e hospitais privados. O alto índice reflete o cenário que pacientes encontram na rede pública. A capital federal tem apenas 2.371 testes para o diagnóstico da doença. A quantidade é de 76 kits para cada uma das 31 regiões administrativas. Os exames laboratoriais de sangue do tipo rápido utilizado para o diagnóstico de dengue entraram na lista de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde (ANS) em 2 de janeiro. Para o Executivo local, essa é a justificativa da alta.

Apenas no Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, o aumento no volume de testes passou de 120, em dezembro do ano passado, para 200, em janeiro: aumento real de 66%. As confirmações de dengue também cresceram: 30%. Para o chefe de controle de infecções e infectologia do Grupo Santa, Werciley Saraiva Júnior, a modificação na regra dos planos de saúde não influenciou na procura. ;As pessoas têm enfrentado gargalos na rede pública e recorrem aos hospitais particulares. Os pacientes procuram o pronto-socorro com os sintomas da doença e em busca do teste rápido.;

Segundo o subsecretário de Vigilância à Saúde, Tiago Coelho, o surgimento de doenças como chikungunya e zika também estimuloua procura. ;Para a população, não basta dizer o diagnóstico por meio do exame clínico (analise do médico). É como se tivesse aumentado o grau de fiscalização das pessoas; por isso, a procura maior;, explicou. ;A gente tem observado o crescimento acentuado dessas notificações no âmbito privado;, ressalta o subsecretário.

[SAIBAMAIS]Para atenuar os entraves na rede pública, o GDF mudou o modelo de atendimento a pacientes com suspeitas de infecções transmitidas pelo Aedes aegypti. No Hospital Regional de Brazlândia (HRB), cidade que representa 28% do total de casos de dengue registrados no DF, a partir de hoje, quem procurar atendimento será encaminhado para a Unidade de Atenção à Dengue, composta por três tendas montadas no estacionamento local, que conta com leitos e testes rápidos. Apenas em janeiro, a cidade registrou 301 contaminações. Duas pessoas morreram. Em todo DF, são 1.198 notificações.

Combate ao mosquito

Eliminar os criadouros do Aedes aegypti se tornou prioridade na cidade. Apenas em janeiro a Secretaria de Saúde registrou 1,7 mil denúncias de brasilienses que reclamaram de potenciais focos. Guará, Taguatinga e Ceilândia lideram o ranking de reclamações. Segundo a pasta, 1,1 mil (68%) das queixas foram atendidas. ;Temos recebido muitas denúncias, e vamos ativamente em todos os locais. Em breve, um aplicativo estará disponível para a população fazer a denúncia e acompanhar onde está sendo feita a rota do fumacê e o bloqueio por inseticida, por exemplo;, explicou Tiago Coelho. O aplicativo está em fase de teste e estará disponível na próxima semana.

As denúncias podem ser feitas por meio dos Núcleos de Vigilância Ambiental de cada cidade (leia Alerta). São pneus, obras abandonadas, lixões irregulares entre outros locais que podem facilitar a reprodução do mosquito. O oficial de registro públicos Antônio Carlos Osório, 51 anos, reclama de um espaço da Escola Superior de Guerra. A ruína da Universidade de Brasília (UnB) fica próxima ao Iate Clube de Brasília, na Asa Norte. ;Está totalmente largada há 40 anos. Chove e fica tudo alagado. Essa é uma área nobre, no centro da cidade;, queixa-se. O policial militar Thiago Bernardes, 36, mora na quadra 102 Norte de Águas Claras e se preocupa com um esqueleto de um prédio que está com a obra parada. ;Tem uma praça em frente ao local, além de muitas crianças nos condomínios ao redor. Fica o receito de alguém pegar a doença;, reclama.

Os vigilantes epidemiológicos não conseguem vistoriar 18% das casas do DF. No mês passado, dos 132 mil imóveis visitados, cerca de 23 mil estavam fechados. Em outras 461 residências, os moradores não permitiram a entrada das autoridades sanitárias. O tolerável, para o Ministério da Saúde, é de apenas 10%. Ontem, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) pediu agilidade na compra de insumos para o controle do mosquito. Os cofres públicos desembolsaram R$ 9 milhões para a aquisição de carros fumacês, bombas de veneno e armadilhas para capturar o inseto.

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