Cidades

Moradores denunciam focos do mosquito Aedes aegypti em Luziânia

Na cidade que tem 155 casos de dengue para cada grupo de 100 mil habitantes, passeata com 200 militares e servidores da prefeitura faz campanha para convencer população a eliminar focos do transmissor da zika, chikungunya e febre amarela

Eduardo Militão
postado em 13/02/2016 11:31
Fonte abandonada acumula água no centro de Luziânia

No Dia Nacional de Mobilização Zika Zero, cerca de 200 militares e servidores da prefeitura de Luziânia, no Entorno de Brasília, fizeram passeata neste sábado (13/2) para convencer a população a eliminar focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. A cidade é uma das 115 do país em que há mais incidência da dengue, transmitia pelo inseto, assim como o zika, a chikungunya e a febre amarela. Moradores da cidade denunciaram ao Correio a existência de criadouros do mosquito, um deles em uma fonte abandonada da cidade (veja foto).

Em todo país, 220 mil militares espalhados por 356 municípios do país participam do mutirão de panfletagem para tentar minar a reprodução do Aedes. A preocupação é com o aumento da microcefalia. O Brasil tem mais de 5 mil casos notificados. Dos 467 confirmados, 41 têm relação com o vírus da zika, transmitido pelo mosquito.

Hoje pela manhã, 84 militares do Exército se uniram a servidores da saúde e da educação, além de bombeiros e integrantes do Samu em Luziânia. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, o médico Watherson Roriz, a cidade de 220 mil habintantes teve 340 casos confirmados de dengue este ano, mas há mil notificações da doença ao total. Ou seja, houve 155 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Em todo o Brasil, há 115 municípios com taxa superior a 100, o que preocupa o Palácio do Planalto. Hoje, a presidente Dilma Roussef participa da campanha em uma comunidade no Rio de Janeiro.

Agentes e militares distribuem sacolas de lixo em semáforo próximo de fonte que acumula água parada

Em 2015, Luziânia registrou 674 casos confirmados de dengue ou 306 para cada grupo de 100 mil pessoas. Houve ainda 2 mil notificações. Em 2013, foram 8 mil. De acordo com Roriz, não há registros de zika, chikungunha e febre amarela na cidade. Ele disse que é importante que os moradores eliminem focos de água parada dentro de casa e nos quintais, onde o Aedes costuma se reproduzir. ;Conscientizar a população é primordial no combate à dengue, não só o agente público;, disse o secretário de Saúde ao Correio. ;Oitenta por cento dos casos de proliferação se devem ao lixo, e grande parte está dentro de imóvel privado. Se a pessoa gastar dez minutos por semana vistoriando a sua residência ou seu comércio, teremos um combate efetivo contra os criadouros.;

O comandante da 6; Companhia de Comunicações de Cristalina, major Paulo Barros, disse à reportagem que a presença dos militares ajuda na campanha. ;Foi comprovado que, quando o militar está junto das equipes de saúde, facilita a entrada dos agentes de saúde nas casas.; Hoje, a perspectiva é distribuir 20 mil panfletos que ensinam como combater o mosquito. Sacolas de lixo para carro são distribuídas em semáforos na cidade. À tarde, os agentes e militares vão ao distrito do Jardim Ingá. De segunda a sexta-feira, o grupo retorna para fazer a vistoria nas casas. Serão destacados 50 militares para acompanhar os agentes de combate a endemias, de acordo com Paulo Barros.

O major destacou a união dos governos federal, estaduais e prefeituras na ação. ;O Brasil tem que se unir. O ideal seria erradicar. Mas é diminuir consideravelmente a quantidade de mosquitos, que está prejudicando o país.;

Criadouro
A empregada doméstica Maria Monteiro Dantas, de 46 anos, mora no Parque Estrela Dalva IX, no Jardim Ingá, que fica ao lado de um dos bairros considerados críticos pelo secretário de Saúde da cidade. Ela já teve dengue em 2011 e disse que a doença ; e até o zika ; já contaminou a maioria dos seus vizinhos, sua patroa e sua filha, Ana Clara Pontes, de 8 anos. Maria contou ao jornal que seu bairro não tem coleta de lixo e, para piorar, outras pessoas jogam entulhos nos terrenos baldios, onde se acumula água parada. ;É de outros lugares. O pessoal junta lixo e joga lá. A gente reclama, mas eles não dão a mínima;, disse a doméstica.

Segundo ela, sua filha teve zika durante quatro dias. Maria disse que não procurou atendimento médico, mas acredita que era a doença porque havia manchas vermelhas pelo corpo da criança. ;Eu nem levei. O remédio eu já sabia. Dei paracetamol e dipirona.; Ana Clara já teve hepatite e catapora, mas contou à reportagem que não sentiu nenhuma dor na doença relatada.

Os frentistas Wesley Melo de Assis, 35 anos, e Ana Paula Souza Batista, 22 anos, trabalham num posto de gasolina em frente a uma fonte d;água abandonada no centro de Luziânia. Lá, a água se acumula, conforme atestou a reportagem do Correio (veja foto). ;É o criatório da prefeitura;, ironizou Ana Paula. Segundo Wesley, vizinhos já localizaram latas e outros focos de proliferação do mosquito numa residência de arquitetura tradicional em frente ao posto.

O taxista Mário Antônio de Souza, 66 anos, ficou contente ao receber o panfleto explicando como prevenir o zika.. ;É importante, tem um trem que eu não sabia aqui, os ralos de banheiro;, contou. Ele disse que fez uma chapa de ferro para tapar os ralos, mas não sabia que ali poderia haver facilidade para criação do Aedes. O cuidado com os vasos sanitários pouca utilização também chamou a atenção do taxista. ;O vaso sanitário meu é de pouco uso. É bom mantê-lo fechado.;

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