Cidades

Pesquisa revela que PMs sofrem com o descrédito da população do DF

Pesquisa inédita mostra como o brasiliense avalia o agente de segurança do DF. Enquanto bombeiros e civis contam com apoio da população, policiais militares sofrem com o descrédito. Sob pressão, muitos deles têm problemas de saúde mental

postado em 04/05/2016 06:10
Pesquisa inédita mostra como o brasiliense avalia o agente de segurança do DF. Enquanto bombeiros e civis contam com apoio da população, policiais militares sofrem com o descrédito. Sob pressão, muitos deles têm problemas de saúde mental
Toda vez que coloca a farda, o policial militar Antônio*, 38 anos, pensa nas filhas. ;O nosso medo constante é de que algo aconteça com a nossa família. Isso é até maior que o de morrer.; De volta ao patrulhamento depois de anos lidando com serviço burocrático, ele tem sentido novamente a pressão do trabalho que escolheu há 17 anos. ;A nossa profissão é muito desgastante. Além de sentirmos receio pela nossa família, há uma impressão errada na população de que a polícia é má. Agora que voltei às ruas, estou mais sensível, reclamando mais e nervoso em casa;, lamenta o oficial.

Mesmo sendo uma das unidades da Federação na qual o trabalho dos agentes de segurança pública tem maior grau de aprovação, os policiais do DF também lidam com o preconceito relacionado ao serviço de repressão. A Secretaria de Segurança Pública está na fase final de análise da Pesquisa de vitimização, feita em toda a capital federal no ano passado. Entre os diversos dados apurados nos 19.537 questionários aplicados em domicílios das regiões administrativas, um deles fica claro: o nível de confiança da população em relação à polícia necessita ser melhorado.

;A nossa polícia é mais bem avaliada que a de outros locais, mas isso não resolve os problemas. No DF, temos uma escala: confiança altíssima nos bombeiros, um pouco mais baixa na Civil e mais baixa ainda na PM;, detalha Rafael Pereira, coordenador de Monitoramento e de Avaliação de Políticas Públicas da Subsecretaria de Gestão da Informação. Segundo ele, a pesquisa, que deve ser divulgada no próximo semestre, demonstra que o número de casos de vitimização perpetrado por agentes de segurança no DF é muito baixo.

Além disso, o estudo pode orientar melhor os esforços da polícia e ajudar a definir estratégias de enfrentamento de forma mais clara, ajudando na reconstrução da imagem. ;O trabalho foi georreferenciado: temos um mapa de onde a população confia mais e onde confia menos. Isso pode ajudar a PM a repensar o policiamento militar e a relação dela com o cidadão nesses pontos. No caso da Civil, vai ajudar a qualificar o trabalho no que toca à subnotificação de crimes e o tratamento nas delegacias;, completa Rafael.

Para o capitão Michello Bueno, porta-voz da PMDF, os policiais sabem do preconceito. Porém, ele o credita a um paradoxo: em muitos casos, a expectativa da população no que toca às ações da corporação vai contra o que, de fato, é o dever dela. ;A nossa função incomoda muita gente: somos responsáveis por prevenir e reprimir, cerceando liberdades individuais em prol da coletividade; por isso, muitas vezes, precisamos ter atitudes mais ríspidas;, justifica.

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