Cidades

Alimentos orgânicos movimentam R$ 30 milhões na economia do DF

Desafio, agora, é ampliar o número de pequenos produtores certificados

postado em 06/05/2016 06:05

Édio Christ e a mulher, Neli, viram o lucro aumentar em 30% desde que começaram a plantar orgânicos


Desde que decidiu cultivar produtos orgânicos, há três anos, Édio Christ, 68 anos, viu as vendas das hortaliças e verduras darem um salto. ;Antes, eu plantava só o convencional. Pensei até em desistir, porque não estava mais dando lucro. Agora, não estamos dando conta das demandas.; Apesar de gastar um pouco mais com insumos, como o adubo, que é mais caro, o lucro aumentou 30%. O trabalho também aumentou. Christ acorda de madrugada para colher os produtos e embalá-los para as entregas. ;Vale muito a pena. Nós estamos trabalhando o dobro para dar conta do serviço;, comemora.

Na chácara de 20 mil m;, localizada no Lago Oeste, trabalham nove funcionários, além da mulher, Neli Christ, e da filha. Nas estufas e hortas, há plantações de alface, tomate, couve, repolho, agrião e mais de 35 tipos de culturas sem agrotóxicos. ;O processo para limpar a terra dos produtos químicos que eu usava demorou um ano e meio. Só depois, eu comecei a plantar os orgânicos.;

A prática deixou de ser vista como uma produção alternativa de um público restrito e, atualmente, movimenta no Distrito Federal cerca de R$ 30 milhões anuais ; um crescimento de 20% por ano. Para o presidente do Sindiorgânico, Gilsérgio dos Santos, 47, os números são resultados de uma conscientização do próprio público da cidade. ;Brasília é um mercado onde as pessoas procuram muito o alimento saudável, que tem um conhecimento maior sobre a agricultura orgânica e está em constante expansão.;

A atividade é basicamente realizada por pequenos agricultores familiares, que, geralmente, comercializam os produtos em feiras. Dos 121 agricultores do DF cadastrados no Ministério da Agricultura, apenas 26 possuem selo de certificação orgânica. O Sebrae atende, atualmente, 40 produtores que buscam o documento para poderem fornecer a supermercados, sites e estabelecimentos especializados. ;O interesse é geral, porque os produtos certificados estão ganhando cada vez mais espaço nas prateleiras;, afirma o gerente da Unidade de Atendimento Coletivo do Agronegócio do Sebrae, Fernando Neves. As regiões com maior procura são Brazlândia, Planaltina, Sobradinho, São Sebastião e Paranoá.

As principais dificuldades dos produtores é a falta de orientação técnica, acesso a linhas de crédito do governo para iniciar o negócio e mão de obra qualificada. Por isso, o Sebrae auxilia os agricultores com estudos de viabilidade para a implementação do negócio, fornece consultoria técnica, manejo e acompanhamento para a retirada da certificação. ;A gente trabalha para que a sociedade entenda a agricultura orgânica não só como uma alternativa econômica viável, mas também como respeito ao homem e ao meio ambiente;, ressalta Neves.

Renata Navega, 28, é consultora socioambiental e começou a dar preferência aos orgânicos há cinco anos. Desde o ano passado, ela passou a comprar exclusivamente alimentos livres de agrotóxicos. ;É tanto uma questão de saúde pessoal, como uma questão de saúde ambiental. Eu tento fazer com que o meu consumo favoreça uma produção agroecológica. A alimentação é uma escolha política;, reflete.

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