Cidades

Pacientes reclamam de falta de estrutura para tratamento mental

Dificuldade de acesso, desinformação e poucas opções aparecem como os principais problemas para quem precisa de assistência para distúrbios psiquiátricos no DF. Recentemente, no entanto, esses pacientes conseguem atendimentos humanizados

Otávio Augusto
postado em 28/05/2016 08:00


Cabeças raspadas, pés descalços, maltrapilhos ou nus. Essas pessoas ficavam amarradas em seus leitos ou deitadas em colchonetes velhos ou no chão. Cercado por muros e vigias, o lugar parecia uma prisão, por dentro e por fora. Muitos espaços não tinham janelas e ficavam fechados com grades de ferro. Esse era o tratamento oferecido nos manicômios da capital federal, que chegaram a oito na década de 1980. O Hospital São Vicente de Paulo, em Taguatinga, era o principal deles e existe até hoje. Mas as políticas de assistência mudaram com o avanço da Luta Antimanicomial, a partir de 1987 (leia Para saber mais).

Atualmente, o tratamento é baseado em atividades terapêuticas diversas, medicamentos e acompanhamento médico. A regra é oferecer mais liberdade, em vez de privação. Ainda assim, as internações em hospital psiquiátrico continuam uma alternativa no Distrito Federal, situação que só poderá ser contornada com a ampliação da rede de serviços substitutivos, como a construção de centros de atenção psicossocial (CAPs).

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Das 46 unidades previstas no Plano Diretor de Saúde Mental (PDSM/2010), apenas 17 deixaram a teoria ; 63% das residências terapêuticas, responsáveis pela reintegração de dependentes químicos, não foram construídas. Em setembro de 2009, o Tribunal de Justiça (TJDFT) havia determinado a implantação de 25 desses locais e 19 CAPs no prazo de um ano.

Fardo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 20% da população mundial precisará de acompanhamento em saúde mental alguma vez na vida. Na capital federal, os transtornos mais comuns são: depressão, ansiedade e esquizofrenia ; somam mais de 25% dos 50 mil atendimentos na rede pública. O vício em álcool e drogas também tem grande expressividade. Em 2015, a Secretaria de Saúde gastou R$ 5,5 milhões com a Atenção Psicossocial. Neste ano, o valor investido, até o momento, é de R$ 1,5 milhão. Em torno de 700 profissionais, entre médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, entre outros, trabalham na saúde mental da cidade.

Na antiguidade, os distúrbios da mente eram atribuídos a eventos sobrenaturais, como possessões demoníacas. Por mais que hoje a ciência compreenda os males, o preconceito ainda é forte. ;Ainda há quem defenda o isolamento desses pacientes. A internação, para algumas pessoas, é tida como a libertação de um fardo. Na verdade, a convivência social monitorada por médicos e remédios faz parte do processo terapêutico;, explica Ricardo Lins, diretor de Saúde Mental (Disam) da Secretaria de Saúde.

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