Cidades

Faculdade particular do DF registra oito casos de caxumba

Entre os infectados está um professor. Os primeiros casos surgiram há 40 dias

Otávio Augusto
postado em 25/06/2016 11:14
Oito alunos do Centro Universitário UDF contraíram caxumba. Todos os casos são do campus sede da instituição, na 904 Sul. Os estudantes receberam atendimento médico em unidades de saúde públicas e particulares. Os afastamentos das aulas variaram entre quatro e oito dias. Mesmo após o surto, a faculdade não alterou o cronograma letivo, segundo os acadêmicos. Os cursos de farmácia e psicologia registraram casos.

O primeiro caso teria sido de um professor há um mês. Desde então, o vírus se espalhou pela instituição. Lideranças estudantis criticam a falta de ações preventivas. ;Fizemos várias reclamações na coordenação e na reitoria, mas nada foi feito;, conta o estudante de farmácia Rui Paulo Grassio Uchoa, 39 anos, representante de classe.

[SAIBAMAIS]Os alunos procuraram a Secretaria de Saúde por meio da Ouvidoria. Segundo resposta enviada por email, uma equipe de enfermeiros entrou em contato com o colégio. ;Orientamos a comunicação sobre a necessidade de atualizarem o cartão vacinal, procurando qualquer sala de vacina do Distrito Federal;, frisa a resposta. Para a Secretaria de Saúde, a faculdade teria negado os casos. Versão refutada pelos estudantes. ;Desde o primeiro caso tudo foi enviado para a coordenação. Os alunos estão com dificuldade de protocolar os atestados;, garante Rui Paulo.

Há 20 dias, a estudante do 2; semestre de farmácia Milena Valadares, 18 anos, acordou inchada. ;Não senti nenhum sintoma antes. Quando fui ao médico ele disse que era caxumba. Perdi duas provas que depois não consegui recuperar;, conta a moça que ficou 12 dias de atestado. ;Na minha sala muita gente teve. Durante uma avaliação um colega começou a sentir os sintomas;, detalha a moradora de Sobradinho 2.

O rosto do universitário Eduardo Rodrigues de Souza, 26 anos, continua inchado mesmo após 15 dias dos primeiros sintomas. ;Essa semana eu fui para as aulas. Fiz prova com sintomas da doença. Há mais de 40 dias a gente está avisando a faculdade sobre os casos e nada foi feito;, reclama. O morador do Riacho Fundo 2 não tem dúvida do local de contaminação. ;Onde eu moro não conheço ninguém que teve isso;, explica.

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A Secretaria de Saúde confirmou as infecções ao Correio. ;Como os estudantes estão em período de férias, segundo informou a universidade, a Gerência de Vigilância Epidemiológica responsável pela Asa Sul, orientou os coordenadores da instituição a entrarem em contato com os alunos da turma onde ocorreram os casos para que todos procurem o centro de saúde mais próximo e tomem vacina contra caxumba;, informou a pasta, em nota.

O UDF informou em nota que está seguindo as diretrizes estabelecidas pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria da Saúde, e que levou os casos ocorridos no curso de farmácia para conhecimento do Centro de Informações Estatísticas de Vigilância em Saúde por e-mail. Além disso, a coordenação do curso de farmácia divulgou informações sobre sintomas e procedimentos a serem seguidos no caso de suspeita da doença. Devido à baixa presença de alunos no fim do semestre, a Vigilância Epidemiológica se comprometeu a ir à faculdade no início de agosto para ações educativas, se necessário. O UDF ressaltou ainda que os alunos não serão prejudicados academicamente devido ao afastamento em função de doença infectocontagiosa.

Panorama

Pela primeira vez na capital federal a Secretaria de Saúde notifica tantos casos de caxumba. Ao todo, 638 pessoas se contaminaram com o vírus aramyxovirus até o último dia 18 ; dados mais recentes da pasta. De acordo com mapeamento da Vigilância Epidemiológica, Ceilândia (com 107 casos), Taguatinga (97), Guará (67) e Samambaia (65) são as regiões administrativas que apresentaram a maior incidência da doença.

Dos 12 surtos registrados este ano, sete ocorreram em instituições educacionais particulares da Asa Sul, Taguatinga, Águas Claras e Lago Sul. O Colégio Marista, o Mackenzie, o Pódion registraram caos da doença.

Os homens são os mais afetados, com 62% das ocorrências. Segundo mapeamento da Vigilância Epidemiológica, as faixas etárias que houve maior contágio são a de jovens entre 15 e 19 anos, que correspondem a 23,7% das notificações.

Vacina

A caxumba, doença caracterizada principalmente pelo inchaço das glândulas que produzem saliva, pode ser contraída mais de uma vez, mesmo quando ocorre a vacinação ou a primeira contaminação. Entretanto, esses casos são bastante raros. Segundo a literatura médica, um indivíduo pode registrar mais de uma ocorrência de coqueluche, infecção marcada por tosse severa e seca, embora sejam situações isoladas.

No Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina a tríplice viral ; que protege contra caxumba, sarampo e rubéola ; está disponível gratuitamente para pessoas de até 49 anos de idade. Para crianças e adolescentes de até 19 anos, estão disponíveis as duas doses. Para pessoas entre 20 e 49 anos, o sistema público de saúde oferece apenas uma dose.

Perguntas e respostas sobre a caxumba

Eduardo Espíndola, especialista em doenças infectocontagiosas.

Há prevenção?

A prevenção é tomar a vacina tríplice viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola. A imunização ocorre a partir de um ano de idade em duas doses, com intervalo de um mês.

Como ocorre a transmissão?

A caxumba é altamente contagiosa. A transmissão é pelo ar e pelo contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas.

Tem tratamento?

Não tem um remédio específico para caxumba. O tratamento consiste em aliviar os sintomas de dor e mal estar e fazer repouso para que o próprio organismo combata o vírus. É preciso que o doente fique isolado para evitar a proliferação da doença.

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