Cidades

Suspeito de morte de jornalista atua na segurança de órgãos municipais

O prefeito da cidade goiana refuta as desconfianças de crime político

Luiz Calcagno
postado em 28/07/2016 06:15
João Miranda foi morto com sete tiros, na porta de casa: execução

O chefe da segurança dos órgãos municipais de Santo Antônio do Descoberto foi preso como suspeito de participar, ao lado de outro acusado, do assassinato do jornalista João Miranda do Carmo, 54 anos. Ele seria o responsável pela segurança do patrimônio público da cidade distante 49km de Brasília, como a Prefeitura. O servidor público de 40 anos teve a prisão preventiva decretada após ser reconhecido por uma testemunha. A Polícia Civil de Goiás trabalha com a hipótese de crime encomendado, possivelmente envolvendo adversários políticos.

[SAIBAMAIS]Segundo o titular da delegacia de Águas Lindas, cuja circunscrição responde por Santo Antônio do Descoberto, o investigado deve ficar, no máximo, 30 dias detido. ;Ele foi preso porque uma pessoa o reconheceu. Nesse período, vamos buscar as provas efetivas do envolvimento dele no crime contra o jornalista;, detalhou o delegado Fernando Augusto Gama. O servidor público foi surpreendido em casa, durante a tarde de ontem, no bairro Parque de Santo Antônio. Embora o acusado trabalhe com proteção patrimonial, não foram encontradas armas no interior da residência.



João Miranda era proprietário de um site de notícias e publicava diversas denúncias, inclusive contra o prefeito da cidade, Itamar Lemes Prado (PDT) ; também havia reportagens sobre tráfico de drogas na região. O jornalista sofria ameaças e, no início do ano, teve o carro incendiado. Além do trabalho no portal S.A.D. sem censura, a vítima tinha um cargo no gabinete do vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim. Ambos estavam sem função oficial no Executivo municipal, pois Itamar e Valter tiveram desavenças e romperam.

Ontem, o prefeito da cidade comentou o caso pela primeira vez. Ao Correio, Itamar disse desconhecer as motivações do crime. Questionado sobre as denúncias do jornalista contra ele, disse apenas que eram ;infundadas;. ;Eu não posso confirmar se o assassinato é político. Ele (o João) denunciava todo mundo: político, delegado e traficante. Eu cobrei providências da investigação. O criminoso tem de ser preso. Está tendo muita violência na cidade e não temos policiais o suficiente para investigar tudo;, disse. ;Estou tranquilo e à disposição da Justiça e do Ministério Público;, concluiu.

À frente da 4; Promotoria do município, André Wagner Melgaço Reis afirmou que o MP acompanha a investigação. Ele ressaltou, ainda, que ;se trata de um crime de grande repercussão e que os investigadores estão adotando todas as medidas necessárias para prender os assassinos de João Miranda;. Desde a morte do jornalista, o S.A.D. sem censura não foi mais atualizado. João Miranda levou sete tiros, na porta de casa. Os bandidos atiraram 22 vezes. O crime ocorreu no último domingo.

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