Cidades

Greve dos metroviários já dura 71 dias; TST julgará processo da categoria

Usuários do transporte público do Distrito Federal têm a rotina afetada há mais de dois meses por conta da paralisação dos funcionários

Adriana Bernardes
postado em 23/08/2016 06:05

Por volta das 17h30, as filas para comprar os bilhetes e entrar nos trens são enormes: superlotação no metrô e nos ônibus

A queda de braço entre governo, a empresa e os metroviários afeta diretamente a rotina de pelo menos 160 mil usuários todos os dias no Distrito Federal. Os impactos também podem ser sentidos no trânsito e no agravamento da superlotação dos ônibus. A Companhia Metropolitana de Brasília (Metrô-DF) estima que pelo menos 55 mil pessoas deixaram de usar os trens diariamente nos últimos 71 dias de greve dos trabalhadores.
É a mais longa greve dos funcionários do Metrô. Há uma expectativa de que o desfecho se dê amanhã, quando o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgará o processo de dissídio da categoria. Além de avaliar a legalidade do movimento ; questionada pelo governo e pela companhia ;, os magistrados analisarão se a empresa poderá descontar os dias parados e um recurso do sindicato contra a decisão em primeira instância que obriga os servidores a trabalharem durante o horário de pico. Eles queriam manter apenas 40% dos servidores. Recentemente, o Metrô sofreu uma derrota nos tribunais: o TRT determinou o chamamento dos concursados. A Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) aguarda ser intimada da decisão para avaliar se recorrerá da sentença.

Paulo César Marques da Silva, doutor em estudos de transportes e professor da Universidade de Brasília (UnB), diz que, em qualquer lugar do mundo, uma greve tão prolongada de um sistema de transporte seria ;um escândalo;. ;As demandas não aparecem de uma hora para outra e os governos não têm se preparado para evitar uma situação extrema como é a greve;, explica, independentemente de quem tenha razão no caso.
O escândalo aponta para uma direção: o prejuízo à população. Na tarde de ontem, o Correio esteve na Estação Arniqueiras, em Águas Claras. Os usuários reclamam que, em horários de pico, é praticamente impossível embarcar nos trens, de tão lotados que eles ficam. As mudanças na rotina incluem sair mais cedo de casa, usar o automóvel ou o ônibus. A estudante Letícia Cota, 22 anos, diz que a greve a prejudicou de inúmeras maneiras. A pior delas ocorreu quando ela perdeu a oportunidade de um intercâmbio por conta da falta de meios de transporte: ;Eu precisava ir tirar o passaporte na rodoviária da Asa Sul. Como estava sem metrô, tive de ir de ônibus, mas, por conta do trânsito, eu não consegui chegar a tempo para arrumar a delegação;, relata.
Por volta de 17h30, havia filas para a compra de ingressos e para o embarque. Mas, segundo os usuários, a situação é crítica por volta das 7h e a partir das 18h30. O professor Marlon Costa, 35 anos, mora em Águas Claras e trabalha no Plano Piloto. A restrição do horário de funcionamento fez com que ele aumentasse os gastos com transporte. ;Tenho usado o carro em vários momentos e, com isso, meu gasto com gasolina aumentou bastante;, afirma Marlon.
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