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Polícia prende segundo suspeito do assassinato do jornalista João Miranda

Apontado como autor dos disparos, Rooney da Silva Morais, 22, é filho de Douglas Ferreira de Morais, 40, chefe da segurança do prefeito do município e suspeito de dirigir o carro usado no crime

Luiz Calcagno
postado em 29/08/2016 10:23
João Miranda morreu com 13 tiros, na porta de casa, em 24 de julho: ligado à política localA Polícia Civil de Goiás apresenta, nesta segunda-feira (29/8), o segundo suspeito preso pelo assassinato do jornalista João Miranda do Carmo, 54 anos, em 24 de julho. Ele é apontado como responsável por efetuar os 13 disparos que tiraram a vida da vítima, Rooney da Silva Morais, 22, é filho de Douglas Ferreira de Morais, 40. Douglas era chefe da segurança do prefeito do município, Itamar Lemes Prado e foi preso três dias após a morte de João, suspeito de conduzir o carro usado no crime, um Fiat Palio vermelho.

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A polícia trabalha com duas hipóteses: crime político ou vingança. João Miranda era opositor de Itamar e fazia denúncias contra a gestão do prefeito em um site que mantinha, o SAD Sem censura. Ele também postava notícias sobre a violência e o tráfico de drogas na cidade. O filho do segurança do prefeito foi preso na casa da avó, no município. Apesar de reconhecidos por testemunhas, ele e o pai negaram envolvimento no crime.

João era funcionário e amigo próximo do vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim, e já se queixava de ameaças. Poucos dias antes do crime, postou em uma página do Facebook um vídeo que mostrava o prefeito dando dinheiro para uma secretrária em frente ao Fórum de Santo Antônio do Descoberto. Ele também teve o carro incendiado em 2014.

Mortes suspeitas

Esse não é o único caso de assassinato de uma pessoa envolvida com política e opositores do prefeito na cidade, durante o período de campanha eleitoral. Em 21 de agosto, o vice-presidente do Partido da República (PR) na cidade goiana, Paulino Rodrigues da Silva, 58 anos, o Pastor Paulino, morreu ao ser atingido por quatro tiros na porta de casa, no bairro Morada Nobre ; as características do crime são parecidas com as do homicídio do jornalista.

Paulino apoiava a candidata a prefeita Estela Souza (PR). Estela é ex-mulher e opositora de Itamar. Um dia após o assassinato, o vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim, foi intimidado por dois homens armados. O vice-presidente local do PR chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Os casos levaram a promotora eleitoral de Santo Antônio do Descoberto, Tarcila Britto, a preparar um ofício para encaminhar ao Tribunal Regional Eleitoral e à Secretaria de Segurança Pública de Goiás. No documento, ela narra todas as situações de prováveis crimes de motivação política e pede reforço na segurança do município distante 49km de Brasília, principalmente para as eleições de outubro.

;Houve uma morte há menos de um mês nas mesmas circunstâncias. Normalmente, a violência na cidade é marginalizada, ligada a tráfico, rixas e outros. Mas, coincidentemente, está migrando para um lado político que desconhecemos;, relata. Ela também entrou em contato com o Ministério Público Eleitoral e tem apoio do procurador regional eleitoral, Alexandre Moreira.

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