Cidades

GDF quer subir IPTU para pagar reajuste salarial de servidor

Caso o Executivo local conceda reajustes a 32 categorias no próximo mês sem aumentar a arrecadação, uma das consequências será o pagamento dos vencimentos apenas depois do quinto dia útil. Também estuda-se aumento no IPTU

Helena Mader
postado em 30/09/2016 06:00

Protesto de servidores da educação na Praça do Buriti: no total, 32 categorias cobram do governo compromisso de reajuste salarial assumido no ano passado


Se o governo pagar o reajuste de 32 categorias em outubro, como prometido desde o ano passado, o salário dos servidores públicos do Distrito Federal pode atrasar. O alerta foi feito ontem pelo secretário de Fazenda do DF, João Antônio Fleury. Ele explicou que o GDF tem um deficit de R$ 890 milhões para fechar as contas até dezembro. Com o pagamento dos aumentos salariais, esse rombo alcançaria R$ 1 bilhão. Uma das possibilidades em debate no Executivo local é a proposta de revisão da tabela de valores venais dos imóveis, usada para o cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial (IPTU). Se a base for atualizada a partir dos preços de mercado, a cobrança deve aumentar muito.


João Antônio explicou que as equipes técnicas do Buriti terão reuniões com lideranças sindicais para detalhar a situação. Uma das possibilidades é atrasar salários. ;Vamos apenas mostrar as consequências se, porventura, a gente não conseguir cobrir o deficit do caixa que temos até o fim do ano. A consequência é, se não conseguir cobrir esse deficit, não teremos como pagar a folha no quinto dia útil;, explicou.


Ele adiantou, também, as medidas que o GDF adotará para tentar reduzir o rombo nas contas públicas. Uma das saídas é um projeto de refinanciamento de dívidas dos contribuintes, que, segundo ele, pode render cerca de R$ 200 milhões. A securitização do débito do governo local também será retomado, com possibilidade de arrecadar até R$ 300 milhões. ;Acabamos de aprovar um Refis, na semana passada, e o prazo previsto é até 31 de outubro, justamente para que a gente consiga um valor que melhore esse fluxo. Não estamos atrelando a concessão à arrecadação, mas aprovamos para auxiliar na melhoria do caixa;, explicou o secretário de Fazenda (leia Três perguntas para).

O presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Direta, Fundacional, das Autarquias e Empresas Públicas (Sindser), André Luiz da Conceição, classificou as declarações do secretário de Fazenda como ;chantagem;. Para ele, o governo tem de cumprir a promessa assumida no ano passado. ;Oficialmente, o governador não apresentou nada aos sindicatos, mas ele precisa dialogar com as entidades, porque foi ele quem assumiu esse compromisso há mais de um ano;, comenta. ;A declaração do secretário é péssima e só tensiona ainda mais o ambiente. Não vamos aceitar ameaças e, a partir de meados de outubro, estaremos em mobilização constante;, comentou.


Com mais de 40 mil servidores, o Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunal de Contas do DF (Sindireta) é categórico: não há como dar mais prazo ao governo e, na ausência do compromisso, quanto aos reajustes, o jeito será retomar as greves. ;Se existe um acordo, deve ser cumprido. Esse é o princípio. Demos o prazo para não dizer que estávamos sendo intempestivos, mas o servidor está sendo muito paciente. Não venha querer que o servidor pague essa conta;, argumentou o presidente da entidade, IbraimYoussef. ;Se tem dificuldade, que vá atrás de crédito e honre com os servidores. Se não, o jeito será a paralisação;, ameaçou.

Imóveis

Com um rombo nas contas públicas de R$ 890 milhões, podendo chegar a R$ 1 bilhão, o Executivo local estuda algumas opções para tentar aumentar a receita, cobrir o vermelho e conceder, sem consequências graves, os reajustes. Uma das possibilidades para equilibrar o caixa é rever o IPTU. O GDF discutirá na Câmara Legislativa a possibilidade de corrigir o valor venal dos imóveis. A tabela está defasada desde 2008, com ajustes na inflação.


O cálculo do imposto leva em consideração o padrão da edificação, a área construída, a destinação de uso, os parâmetros de valorização, como a quadra e a posição do imóvel, além dos serviços públicos ofertados. Para calcular o valor venal, a Secretaria de Fazenda se baseia no preço de mercado. A partir desse valor, o governo aplica alíquota de 0,3% para imóveis residenciais; de 1% para imóveis não residenciais, como os destinados a comércio; e de 3% para terrenos vazios.

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