Cidades

GDF marca audiência sobre planejamento de tarifa de contingência

Sessão também vai discutir com a sociedade medidas para evitar abusos no consumo da água

postado em 30/09/2016 06:10

O nível da água na Barragem do Descoberto baixou a ponto de revelar a captação ilegal no reservatório: ontem, a situação piorou, caindo para 34% da capacidade


Outubro será definitivo para medir a gravidade da crise hídrica no Distrito Federal. Caso as chuvas não voltem a cair como o previsto, os reservatórios deverão chegar a 25% da sua capacidade até a metade do mês, gerando o cenário para que uma tarifa de contingência seja cobrada na conta de água. A decisão, anunciada pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa) na última quarta-feira, faz parte das tentativas de diminuir o consumo e evitar o racionamento. Porém, especialistas afirmam que já deveria estar em vigor.


Para Marcelo Gonçalves Resende, integrante do Conselho de Recursos Hídricos do DF, mesmo com as chuvas de ontem, aqueles que abusam do desperdício precisam ser penalizados no bolso. ;Choveu muito, e a expectativa é de que ela continue forte nos próximos dias. Mas a tarifa, apesar de ser uma atitude esperada, é uma forma de preparar a população. Porém, não deveriam aguardar os 25%;, opina. Ontem, a Barragem do Descoberto teve uma nova queda de nível, chegando a 34,04% ; Santa Maria também diminuiu, marcando 47,66% da capacidade.


A Adasa realizará uma audiência pública na segunda-feira, na qual pretende apresentar o plano que envolve a cobrança da tarifa ; ela acarretará em aumento real de 20% na conta de todos os consumidores residenciais que usarem mais que 10 mil litros de água por mês. O encontro também servirá para ouvir a sociedade civil sobre quais outras atitudes podem ser tomadas para reduzir o impacto da crise (leia Em debate).

Geraldo Resende Boaventura, professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), também apoia a cobrança, mas atesta a limitação dela, que seria uma medida imediatista a refletir a falta de políticas públicas de longo prazo. ;Opções como o uso da água do Paranoá estão atrasadas. Não acredito que ficaremos sem abastecimento, mas, em alguns pontos, como Sobradinho e Planaltina, o problema se mostra extremamente grave e não é só a tarifa que evitará problemas no fornecimento;, afirma. Ele cita, por exemplo, a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio São Bartolomeu, que poderia ser uma das fontes de água caso não existissem invasões na região. ;Se não revermos a política de ocupação, não teremos mais nascentes;, afirma.


Mesmo com o esperado retorno das chuvas, Marcelo Gonçalves justifica a emergência da tarifa de contingência por causa da relação do solo com as precipitações. ;As primeiras chuvas ainda o pegam muito seco e temos o que chamamos de efeito esponja, quando ela é sugada. Só depois disso escoa para os rios;, explica. Apesar de a quantidade de água infiltrada ser indispensável para o abastecimento, principalmente no DF, ela demora a chegar até os lençóis freáticos. Outro benefício que a antecipação da cobrança pode trazer é o da consciência. ;Gastamos água demais. Usar 400 litros por dia é um absurdo. O consumidor precisa mudar esse pensamento, ainda mais neste momento;, aponta.

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