Cidades

Mais de 600 mil eleitores vão às urnas no domingo em 12 cidades do Entorno

Depois de vivenciar campanhas conturbadas, com impugnações de candidaturas, dissidências entre siglas e denúncias de crimes, eleitores votam amanhã; policiamento será reforçado

Otávio Augusto
postado em 01/10/2016 06:05
Depois de vivenciar campanhas conturbadas, com impugnações de candidaturas, dissidências entre siglas e denúncias de crimes, eleitores votam amanhã; policiamento será reforçado
O domingo é o ato principal de um enredo tenso e movimentado pelo estresse das dissidências políticas. Amanhã, 605.882 eleitores vão às urnas para escolher os chefes do Executivo municipal e os vereadores das 12 cidades que fazem limite com a capital federal. Três partidos concentram 34,8% dos candidatos às prefeituras. A truculência que marcou as campanhas não passou despercebida e exigiu que as forças policiais mobilizassem quase 10 mil homens para a região, segundo a Secretaria de Segurança de Goiás. Pelo menos dois assassinatos e um desaparecimento, ocorrido há 14 dias, tiveram suposta motivação política, segundo investigações da Polícia Civil goiana. A pedido do Correio, dois analistas políticos avaliaram o cenário das eleições. Eles destacam o protagonismo de grupos de centro-direita e conservadores.

As legendas PSDB, com sete concorrentes, PMDB, com cinco, e PSOL, com três, são as que mais têm representantes no pleito de amanhã. Esta eleição ficou marcada pela tensão entre os candidatos, que trocaram acusações e denúncias na Justiça Eleitoral. Nos 12 municípios, houve 247 candidaturas cassadas, 46 renúncias e 146 questionamentos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na disputa, são 43 candidatos a prefeito e 2.975 a vereador. As autoridades de segurança e os fiscais eleitorais estão alertas para atentados contra candidatos, realização de boca de urna e de transporte ilegal de eleitores, além de compra de voto. Faixas, panfletos e cestas básicas foram apreendidos nesta semana.

As eleições municipais costumam montar o cenário para as eleições gerais de dois anos depois. As dificuldades do PT e dos aliados abriram caminho para a influência maior dos partidos e coligações conservadoras ; o Partido dos Trabalhadores e os ditos de esquerda indicaram apenas seis nomes. A defesa de bandeiras religiosas e da família tradicional, por exemplo, ganharam força. ;Está muito diferente do panorama das eleições de 2012. Naquele ano, o PT, que ainda não estava em declínio, arrastava mais candidatos. Essa tendência está clara nas capitais e é o perfil que está se concretizando;, avalia o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) David Verge Fleischer.
[VIDEO1]

Oito partidos ; alguns sob influência de políticos do DF ; recrutaram dois candidatos cada para pleitear cargos na administração pública. Outros 12 indicaram um concorrente cada. A fragmentação é criticada pelo professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB) e consultor político Paulo Kramer: ;O nosso sistema eleitoral é complicado e muito dividido, com um grande número de candidatos e de partidos. Isso deixa o eleitor desorientado. Diminuir o número de candidatos e de partidos seria bom;, pondera.

Impugnações
Dois nomes da política do Entorno abandonaram as campanhas na última semana. Padre Getúlio (PSB), que concorria à Prefeitura de Santo Antônio do Descoberto, e Ana Maria Enfermeira (PSDB), na disputa pelo Executivo de Alexânia, desistiram do pleito, mas indicaram nomes para a substituição na legenda. Concorrem agora Luiz Filho de Alencar (PHS) e Cida do Gelo (PSDB), respectivamente. ;Com a falta de esperança do eleitor, é possível que o número de abstenções e votos nulos e brancos seja alto. Grande número de candidatos já está na política há anos. Se ele não está, o pai, o avô a mãe estiveram. O clã familiar vira clã político. Isso leva a um desgaste da representatividade;, arrisca Kramer.

Os candidatos usaram o corpo a corpo para conquistar votos: em Águas Lindas, quatro pessoas concorrem à prefeitura

Um dos problemas em Planaltina foi a dissidência entre siglas. O PR, o PCdoB e o PSDB fizeram diferentes coligações dentro do mesmo grupo partidário. O mesmo ocorreu em Formosa, distante 65km do Plano Piloto, onde houve o cancelamento de 40 candidaturas. Os diretórios estaduais do PEN e do PSC destituíram os comandos municipais e anularam a convenção que escolheu os candidatos. Nove concorrentes não conseguiram se recolocar no pleito de 2016. Ao todo, três coligações inteiras foram impugnadas no Entorno. ;Essa eleição tem evidenciado a violência na disputa político-eleitoral. Pelo Brasil, ao menos 96 crimes ocorreram com supostas motivações políticas;, pondera Fleischer.

A matéria completa está disponível para assinantes. Para assinar, clique.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação