Cidades

Policial federal mata um e fere outro em festa no Lago Paranoá

O policial federal atirou contra os dois moradores de Águas Claras durante uma confusão no barco onde acontecia a festa. Ele alegou legítima defesa na delegacia

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 09/10/2016 08:40

Dois homens são baleados durante festa no barco Lake Palace

Um homem morreu e outro ficou ferido após tiroteio em uma festa no barco Lake Palace, no Lago Paranoá. Cláudio Miller Moreira, 47 anos, chegou a ser socorrido mas não resistiu. E Fábio Cunha, 37, passou por cirurgia e está estável. Segundo a polícia, o autor dos disparos é o policial federal Ricardo Matias Rodrigues.

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A reunião era para comemorar o aniversário de três amigas, uma delas, policial civil de Goiás. A promoter da festa, Renata de Andrade Silva, casada com o policial federal Ricardo Matias, contou à polícia que Cláudio e a esposa Valderly da Silva Feitosa, 30 anos, teriam se envolvido em uma confusão e deixado o barco. Logo em seguida, Cláudio teria voltado para a embarcação acompanhado de Fábio "como se estivesse muito furioso e quisesse tirar satisfações." Renata teria tentado conciliar a situação para mantê-lo fora do barco e evitar novas confusões, mas teria sido empurrada pelos homens com muita força. Neste momento, seu marido, Ricardo, veio em seu socorro e disse: "Polícia, fica aí".

Ainda segundo Renata, Cláudio estava muito bravo e partiu para cima de Ricardo, que efetuou o disparo. Mesmo assim, Fábio, que acompanhava Cláudio, também avançou em direção ao marido dela, que, novamente, advertiu que estava armado. O homem não parou e também acabou atingido. Segundo a Polícia Civil, os tiros foram disparados por volta das 22h45 de sábado (8/10).

O policial federal Ricardo Matias Rodrigues, autor dos disparos, se apresentou à polícia alegando ter agido em legítima defesa. O policial informou ainda que deu mais de uma ordem para que Cláudio e Fábio não se aproximassem e, diante da insistência, teria efetuado os disparos, que acertaram as vítimas na região do abdômen. Em seu depoimento, Ricardo confirma a versão da esposa. Disse que, em certo momento, percebeu que ocorrera uma pequena confusão no meio da festa e que um grupo havia deixado o barco.

Logo em seguida, essas pessoas tentaram voltar à embarcação e Renata, que organizava a celebração, foi até o píer para entender o que estava acontecendo -- momento em que foi agredida. Ele, então, sacou a arma e se identificou como policial. Mesmo assim, um dos homens caminhou em sua direção para tentar tomar sua arma, momento em que atirou. Outro homem teria tentado fazer o mesmo e também foi alvejado.

O policial pediu a outras pessoas presentes no barco que prestassem socorro. Enquanto isso, se dirigiu até a delegacia para se apresentar e levar a arma do crime. Por ter se apresentado espontaneamente, o policial foi liberado após prestar declarações.

Um homem morreu e outro ficou ferido após os disparos

Renan Holanda, proprietário do Lake Palace, disse que o barco estava alugado para uma festa familiar e que a embarcação permaneceu parada no cais durante todo o evento. Segundo ele, havia 58 pessoas na festa. ;Era uma festa exclusiva, particular, para comemorar um aniversário;, completa. O evento começou por volta das 18h e estava agendado para terminar às 23h. Quando os disparos aconteceram, Holanda conta que já se preparava para encerrar a festa. ;Fui buscar o controle remoto do alarme do barco quando ouvi os estampidos;, relembra. ;Retornei imediatamente e vi uma pessoa baleada no cais e outra no estacionamento.;

A esposa de Cláudio Miller, Valderly da Silva Feitosa, 30 anos, estava em choque. ;É um absurdo acontecer isso em uma festa que só tem família;, disse. O casal tem uma filha de 9 anos e, Cláudio tem outra filha, de 22 anos, do primeiro casamento. "Ele era uma pessoa do bem, um pai de família trabalhador cheio de sonhos e expectativas", completou.

De acordo com uma das aniversariantes, a confusão começou muito rápido, já no fim da festa. ;Foi uma briga entre duas mulheres. O marido de uma delas não gostou, foi tirar satisfação e, quando vi, ele estava no chão;, relata. ;Uma delas apanhou da outra e chamou o marido para resolver;. Segundo ela, a festa havia transcorrido sem nenhum indício de briga ou discussões. ;Eu diria que [o culpado] foi o álcool. As vítimas eram convidados da festa, pessoas conhecidas, não tinha ninguém estranho.;

A tragédia em um evento familiar, para ela, poderia ter sido evitada se o policial não estivesse armado durante a festa. ;Se ele não estivesse com a arma naquela hora, teria dado ou levado algumas porradas, mas o Cláudio estaria vivo.; Aguarde mais informações.

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