Cidades

Grupo de percussão do DF viaja a Suécia para ensinar música a crianças

O repertório é composto por música popular brasileira e composições próprias, como Sweden, feita especialmente para o país

Priscila Botelho - Especial para o Correio
postado em 21/10/2016 06:10

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Os pés batem no chão, as mãos vão ao peito, os lábios imitam o som de um cuíca e, aos poucos, a música toma conta do ambiente. O trabalho com o corpo é feito pelo grupo do Instituto Batucar, formado por crianças e jovens moradores do Recanto das Emas. Depois de 15 anos de estrada, sete integrantes embarcam para a Suécia hoje, a convite da Universidade de ;rebro, cidade distante cerca de 160km de Estocolmo, para dar aulas de percussão corporal para 1.250 crianças, sendo 150 refugiadas da Síria. O repertório é composto por música popular brasileira e composições próprias, como Sweden, feita especialmente para o país.

A viagem será possível porque uma professora da Universidade de ;rebro visitou Brasília no ano passado. Ela conheceu o projeto, encantou-se e voltou em 2016 a fim de convidar o grupo para levar o trabalho à Suécia, com todas as despesas pagas, durante 14 dias. ;Passa um filme na minha cabeça. Lembro de toda a trajetória do instituto e fico extremamente feliz de levar cinco jovens de uma área de vulnerabilidade para trabalhar com crianças que estão na mesma situação, como os meninos sírios;, diz Ricardo Amorim, presidente do instituto. Ele também participará da iniciativa, ao lado da mulher, Patrícia Amorim, coordenadora e professora de percussão do Batucar.

Integrantes do Instituto Batucar farão a primeira viagem internacional para a Europa: ansiedade, frio na barriga e dedicação à cultura

O instituto atende cerca de 80 crianças e jovens do Recanto das Emas. Além das aulas de percussão corporal, há oficinas de teatro, dança e instrumentos musicais, ministradas duas vezes por semana. Toda sexta-feira há acompanhamento pedagógico para auxílio nos trabalhos escolares. Podem participar jovens de 6 a 17 anos, desde que apresentem declaração para comprovar que estão devidamente matriculados em colégio público ou privado. ;Tudo não passa de uma grande brincadeira, mas com muito aprendizado. As crianças aprendem a ouvir e a conviver com outras. Queremos levar esse ensinamento para a Suécia;, conta Patrícia.

A viagem para a Suécia é uma oportunidade única para os batuqueiros. Nenhum deles sequer saiu do Brasil. Pedro Campos, 18 anos, participa do projeto desde os 10. Agora, tem a oportunidade de fazer a primeira viagem internacional.;Estou muito ansioso e com frio na barriga. Quero mostrar o nosso trabalho e dar o melhor. Quem sabe esse projeto não se amplia?;, questiona.

Alceu Avelar, 32, participava do Batucar desde pequeno, mas, aos 17 anos, parou os estudos e saiu do grupo para trabalhar como cobrador de ônibus e ajudar as despesas da família. Ricardo Amorim incentivou o jovem a voltar para a escola e ao instituto. Deu certo. Hoje, Alceu é graduado em administração e trabalha no próprio instituto, atuando na área de formação. Ele é um dos que embarcará para o país europeu. ;A música representa uma ferramenta de realizações na minha vida, Nunca imaginei que conquistaria isso tudo;, afirma Alceu. ;Ver o nosso trabalho reconhecido e a chance que os jovens estão recebendo é muito gratificante. Estamos colocando na mala todo o amor e carinho;, comemora Ricardo Amorim.

Projeto social
Em 2001, a Igreja Presbiteriana de Brasília teve a ideia de criar um projeto social para dar aulas de violão para crianças e jovens do Recanto das Emas. Entraram em contato com o professor de música Ricardo Amorim e, para a surpresa do educador, não havia nenhum instrumento para as aulas. A partir daí, o músico teve a ideia de usar o corpo como instrumento. A iniciativa deu certo, e o professor seguiu o projeto de forma independente. Até hoje o Batucar recebe doações da igreja e da sociedade.

Para doar
Quem quiser contribuir para o Instituto Batucar pode ligar para os telefones 3082-1014 e 99623-9675 ou enviar e-mail para batucadeiros@gmail.com.

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